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Não se trata de um filme de espionagem, não é um thriller com suspense, e se confunde com um relatório de acervos de museus. A própria Cate Blanchette, vivendo a personagem da secretária do museu Jeu de Pomme, que lembra a resistente Rose Valland, não tem nada a ver com a atriz de Woody Allen, provável Oscar.
Embora Clooney tenha citado 'Os Canhões de Navarone' e 'A Grande Evasão', como filmes inspiradores, trata-se de mais um filme de guerra, fora de época, frio e sem emoção, nem quando Matt Damon pisa em cima de uma mina antipessoal, sem se falar em alguns gracejos fora do contexto. Na entrevista coletiva, George Clooney diz ter feito um filme não cínico e nem irônico, e talvez esteja aí a falha, criou um filme sem emoção, que se salva pela presença do garotão bonito da Nestlé, mesmo quando maduro, como disse uma jornalista fã, por certo apaixonada, durante a coletiva.
A estreia do filme foi suspensa por mais de meia-hora, pois um dos espectadores na projeção reservada para a crítica, teve de ser socorrido de urgência por ter sofrido, ao que circulou, um enfarte. Com o atraso, os jornalistas que não foram à projeção lotaram a sala reservada para a entrevista coletiva com Clooney, não deixando lugar para os que viram o filme, impedidos de subir as escadas que levam ao auditório de imprensa. Não houve tumulto mas um clima de desagrado e de insatisfação.
Dentro da sala, George Clooney, que tem obtido simpatia junto à esquerda por ter se declarado contra a guerra no Iraque, por ter adotado posição crítica contra o ex-presidente Bush e mesmo por já ter feito filmes politicamente anti-establishment, talvez tenha cometido seu primeiro engano.
Perguntado sobre o clima de revolta na Ucrania, se declarou favorável à oposição, seguindo a posição da Casa Branca, e desconhecendo que o movimento ucraniano vem sendo tomado por grupos violentos de extrema-direita, saudou os irmãos Klitschko e disse apoiar a ex-primeira ministra Julia Tymochenko, considerada por ele como prisioneira política.
Em lugar de questões relacionadas com o filme, surgiram perguntas políticas, respondidas por Clooney, como ao falar do Sudão e do Egito - « o processo de autodeterminação no Sudão é muito importante e permitiu a criação do país mais jovem do mundo. Vivemos um momento difícil no mundo com o que se passa no Egito, onde o povo derrubou um ditador mas depois se dividiu » Mesmo assim, Clooney se disse otimista, apelando para a comunidade internacional se manter vigilante.
O filme está na atualidade, pois é recente a descoberta de mais de 1500 telas roubadas durante a Segunda Guerra, na casa de um octogenário alemão, Cornelius Gurlit. « Não é um golpe de marketing, disse Clooney na entrevista. Pela primeira vez na história, os vencedores da guerra não saquearam mas devolveram as obras de arte roubadas pelo vencido. Essa resposta deu ensejo a uma jornalista grega perguntar se o ator e realizador aceitaria ajudar a se recuperar obras de arte que estão no Museu Britânico, mas embora Clooney concorde que devam ser devolvidas, mas que ajudar nisso não está ao seu alcance.
Para o Brasil, ficou a resposta de que Clooney não irá à Copa do Mundo.