Kenneth Branagh relança saga do espião Jack Ryan em novo filme
Personagem criado por Tom Clancy ganha vida pela atuação de Chris Pine em longa
Jack Ryan, o espião americano criado pelo escritor Tom Clancy, retorna ao cinema interpretado por Chris Pine e sob a direção do britânico Kenneth Branagh, em uma história original que busca "a síntese entre a tradição e a modernidade".
"Operação Sombra: Jack Ryan" (Jack Ryan: Shadow Recruit), que estreia sexta-feira nos Estados Unidos e no dia 24 de janeiro no Brasil, é o quinto filme do célebre agente que já foi interpretado por Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck.
Diferentemente dos quatro filmes anteriores - "A Caçada ao Outubro Vermelho" (The Hunt for Red October, 1990), "Jogos patrióticos" (Patriot Games, 1992), "Perigo Imediato" (Clear and Present Danger, 1994), "A Soma de Todos os Medos" (The Sum of All Fears, 2002)-, esta quinta versão não é uma adaptação direta de um livro de Clancy.
"O autor concordou em nos deixar criar algo original, aproveitando elementos de todos os seus romances", explicou à AFP Kenneth Branagh. "Há muitos detalhes, em todos os livros, sobre o que os personagens fazem e suas características".
"Ele foi muito generoso neste sentido", acrescentou o diretor, que dedicou o filme o autor de 100 milhões de livros vendidos, falecido em outubro aos 66 anos.
Os aspectos fundamentais do universo de Jack Ryan foram respeitados: o espião é um ex-marine ferido em combate, contratado pela CIA em seu regresso à vida civil, e o inimigo dos Estados Unidos continua sendo a Rússia, mas já não há Guerra Fria.
"Precisávamos criar uma ligação entre o DNA original do mundo de Clancy, ancorado na Guerra Fria (...), com as novas tensões existentes entre Estados Unidos e Rússia, com novas questões em jogo e novos perigos", destacou o cineasta britânico.
Uma reflexão sobre o patriotismo
No século XXI, Jack Ryan, interpretado por Chris Pine (o novo capitão Kirk de "Star Trek" e "Além da Escuridão: Star Trek), precisa enfrentar um oligarca russo que quer dinamitar a economia americana, combinando um ataque terrorista e movimentos financeiros gigantescos.
Em sua missão, contará com a ajuda de sua companheira Keira Knightley e seu "mentor" Kevin Costner.
"Eu venho de um universo bastante clássico, que tenta alcançar uma síntese entre a tradição e a modernidade", afirma Branagh, que também se sentiu confortável com Shakespeare ("Muito Barulho por Nada", "Hamlet"), óperas ("A Flauta Mágica") e filmes de super-heróis ("Thor").
Ator incansável, Branagh reservou para si mesmo o papel do oligarca russo Viktor Cherevin, com um forte sotaque e algumas frases na língua de Lermontov, a quem faz referência em uma cena com Keira Knightley.
"Uma das coisas que é diferente neste personagem é que ele sabe que vai morrer, então ele já está em outra realidade", observou.
"Ele tem um profundo sentimento de dor pessoal. A seu ver, é um patriota e acredita que os Estados Unidos traíram o povo russo", declara.
"Ele também tem um senso de história e é implacável. Traz com ele uma coisa muito perigosa. Não tem nada a perder, o que dá um peso diferente para a história", acrescenta.
Para o cineasta, o filme não pretende "celebrar a violência ou os Estados Unidos, ou denegrir os russos". É uma reflexão sobre o patriotismo: "O que quer dizer ser patriota para Jack, um homem que faz perguntas e reflete? E para Viktor e sua forma torta e defeituosa?".
De acordo com ele, o público irá se identificar com Jack Ryan, que é "acessível, afável, gentil. Tem um ar comum. Desde o início, queremos segui-lo", considera. "Ele age com a coragem que gostaríamos de ter".