O cinema de animação no Brasil, até por ter se desenvolvido de fato praticamente na última década, faz com que cada novo lançamento traga sempre contribuição para singular e breve história do gênero no país. 'Minhocas', de Paolo Conti e Arthur Nunes, não foge à regra. Atinge-se, agora, animação de alta qualidade (ainda que com pequenos descuidos nos planos gerais, o que é secundário diante da exuberância técnica que o filme exibe).
A animação de 'Minhocas' tem qualidade internacional mas a história exibe o que tem feito a potência da produção nacional no setor: histórias amalucadas e bons personagens. O longa põe na tela um condomínio de minhocas onde vivem três pré-adolescentes (entre 9 e 12 anos). Linda e Nico precisam ajudar Júnior, que, exibindo-se, é capturado por uma escavadeira. E vai parar nos domínios de BigWig, um tatuzinho-bola, que, com a Gangue da Lama (formada por vermes), quer dominar o mundo.
É a partir da qualidade plástica, que flerta com o padrão Disney, que se revelam outros méritos do filme. Personagens bem-construídos, gosto declarado pelo grotesco cômico, história de aventura, que, de forma simples, coloca dramas das crianças. É filme para os bens novos. Mas os adultos, que também estão na tela, vistos com afeto e alguma ironia, vão embarcar no mergulho pelo mundo de bichinhos que tinham tudo para se tornar nojentos e são cult (as crianças adoram).
Ainda com relação à animação brasileira contemporânea, vale recordar que a produção recente traz longas de estreia, com assinatura de vários jovens e talentosos diretores. Turma que, ousadamente, promete ocupar os cinemas do Brasil e do mundo. Em tempo: entre os dubladores de Minhocas estão a cantora Rita Lee e o lutador Anderson Silva.
