Los Angeles – Musa de Alfred Hitchcock, a atriz Joan Fontaine, de 96 anos, que morreu domingo, protagonizou com Olivia de Havilland rivalidade digna dos dramalhões de Hollywood. Elas são as únicas irmãs que levaram o Oscar para casa. Joan faleceu em decorrência de causas naturais em sua casa, na Califórnia. Olivia, de 97, mora em Paris. Ambas nasceram no Japão, onde o pai trabalhava, e se mudaram para a Califórnia no fim da década de 1910.
saiba mais
-
Ator paulistano Marat Descartes será o homenageado da 17ª Mostra de Tiradentes
-
James Cameron filmará as três sequências de Avatar na Nova Zelândia
-
Novo trailer da sequência de '300' mostra transformação do Rei Xerxes
-
Começa a ser divulgada a lista de filmes indicados ao Festival de Berlim
-
Paulínia Film Festival encerra rodada de homenagens
Quando Olivia foi contemplada, cinco anos depois, nova saia justa. Fontaine revelou publicamente que a irmã a destratou quando tentou parabenizá-la. “Ela me olhou nos olhos, ignorou minha mão, agarrou seu Oscar, virou-se e foi embora”, contou.
Amor
A rivalidade entre as irmãs não se limitou às telas, para a alegria dos fofoqueiros de Hollywood. As duas disputaram também o amor do magnata Howard Hughes: ele saiu com Havilland, mas pediu Fontaine em casamento várias vezes – sem sucesso. “Casei-me primeiro, ganhei um Oscar antes que a Olivia. Se morrer primeiro, sem dúvida ela ficaria lívida porque teria ganhado dela”, ironizou a estrela de Rebecca. “Minha irmã nasceu um leão e eu um tigre”, declarou ela, em 1992.
Diva da era de ouro de Hollywood, Joan Fontaine atuou em 'De amor também se morre', 'Jane Eyre', 'Os amores de Suzana', 'A valsa do imperador', 'Amei um assassino', 'A mulher que não pecou e Bruxa – A face do demônio', entre vários filmes. Sua carreira no cinema entrou em declínio na década de 1950 e ela passou a se dedicar à televisão. Também atuou em musicais da Broadway.
Nasgarras de Hitch
O sucesso chegou quase por acaso à vida de Joan Fontaine. Num jantar, ela comentou com o produtor David O. Selznick que acabara de ler o livro 'Rebecca – A mulher inesquecível', de Daphne Du Maurier. O famoso magnata acabara de comprar os direitos para adaptar o romance para o cinema. Convidou-a ali mesmo a fazer testes para o elenco.
Joan derrotou três poderosas concorrentes: Vivien Leigh, estrela de 'E o vento levou', Loretta Young e Susan Hayward. Pagou por isso. Laurence Olivier não escondeu que discordava da escolha, pois preferia contracenar com Leigh, sua namorada na época. O diretor Alfred Hitchcock aproveitou a tensão que fragilizou Joan Fontaine para mantê-la nervosa. Usou o sofrimento da atriz para construir sua personagem.
Piloto e chef
Joan Fontaine não foi apenas diva das telas. A atriz tinha licença de piloto, era campeã de voo em balão aerostático, respeitada jogadora de golfe e cozinheira formada pelo Cordon Bleu. Batizada Joan de Beauvoir de Havilland, adotou o sobrenome do padrasto, George M. Fontaine, ao ingressar na carreira artística. Realista, a estrela não cultivava ilusões a respeito de Hollywood. Em sua autobiografia, comentou que a meca do cinema tinha o medo entre suas “qualidades” – e não a suntuosidade, o brilho e as oportunidades de ouro. “Aqui, muitas vezes, as carreiras começam por acaso e podem evaporar de forma igualmente rápida”, resumiu. A atriz se casou quatro vezes. O último divórcio, de Alfred Wright, ocorreu em 1969. Fontaine declarou que o casamento enquanto instituição está tão morto quanto a ave extinta dodô. A atriz teve uma filha, Deborah, nascida em 1952.