Quem acompanha há tempos o que Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) apronta na Terra Média não terá o menor problema em entender o que ele e o grupo de anões estão buscando, o que Gandalf (Ian McKellen) esconde deles, qual a rivalidade com os elfos e por aí vai. Aqueles que não conhecem a trama a fundo podem não ter a ideia do que se sucede ou mesmo não se lembrar, no caso de quem viu a primeira parte. Assim, o longa vira um desfile interminável – são 2h41 – de efeitos especiais e batalhas. Ok, são muito bem executadas e têm ritmo alucinante.
'A desolação de Smaug' é mais sombrio do que 'Uma jornada inesperada' (2012). Na produção lançada no ano passado havia um certo prazer pelo início da jornada. Bilbo Bolseiro, mesmo que inseguro, demonstrava encantamento pelo que estava por vir. Agora não. Os personagens estão cansados, machucados, mas perseverantes. O hobbit já é outra pessoa. Menos ingênuo, mais esperto e sagaz.
A adaptação do livro para a telona é fiel aos escritos de Tolkien. Ver o filme e depois ler alguns trechos é uma experiência curiosa tamanha a rigidez com que o cineasta reproduz o que está descrito na literatura. Desta vez, Bilbo e os anões liderados por Thorin (Richard Armitage) continuam a saga para recuperar a Montanha Solitária e o Reino Perdido de Erebor. Óbvio que ainda não chegam a lugar algum.
Embora medo, coragem, ganância sejam, por exemplo, temas que permeiam a trama, eles não são aprofundados. Não há citações explícitas, discursos ou passagens emotivas. É o salve-se quem puder e que venha o próximo desafio. Por causa desse ritmo, entender o que está por trás daquela saga épica demanda um esforço extra do espectador e um conhecimento prévio. Sim, Tolkien – e consequentemente Jackson –, falam sobre convivência e sobrevivência. Cada um à sua maneira, à sua época.
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