Na tela estão as aventuras de três minhocas pré-adolescentes, de 9 a 12 anos, moradoras de um condomínio. Linda e Nico têm de ajudar Júnior quando ele é capturado por uma escavadeira, ao se exibir para os colegas. O bicho vai parar nos domínios de Big Wig, um tatuzinho-bola. Com sua gangue da lama formada por vermes, o vilão planeja dominar o mundo das minhocas e escravizá-las. Essa história amalucada traz personagens bem construídos e gosto declarado pelo grotesco cômico. Com alta qualidade técnica, a animação contribui para a breve e criativa trajetória do gênero no Brasil. A cantora Rita Lee e o lutador Anderson Silva estão entre os dubladores.
EQUILÍBRIO
O diretor adora o vilão Big Wig. “Ele é do mal, mas muito engraçado. Equilibra de tal forma esses aspectos que causa impacto sobre as crianças, mas sem dar medo”, revela. Outro destaque é Linda, a amiga de Júnior: “É dessas meninas que sabem o que quer. Um show de interpretação”, elogia Conti. A escolha do mundo dos anelídeos se deve ao interesse do diretor de abordar tema pouco explorado no cinema. “Minhoca é o animal que mais chama a atenção das crianças, curiosas em saber o que elas fazem debaixo da terra. Esse bicho vive os mesmos dramas que temos aqui em cima”, garante ele, com bom humor.
Conti diz que fez um filme para estimular a criançada a pensar. É leve, mas não simplifica nem a realidade nem os aspectos dramáticos. 'Minhocas' foi premiado no Festival de Gramado e no Anima Mundi, entre outros.
O apuro técnico da produção se deve à parceria com a Fundação Certi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, polo de criação de games no Brasil. A instituição mantém pesquisas na área de inovação tecnológica e desenvolveu as urnas eletrônicas usadas nas eleições brasileiras.
Três Perguntas para Paolo Conti
O que vale a pena saber sobre Minhocas?
Estou há 15 anos perseguindo esse sonho. Não se trata só de rodar um longa, mas de entrar na briga por espaço para a animação brasileira. Fazer cinema no Brasil é difícil, animação mais ainda. O gênero depende de técnica, formação de grandes equipes e de tempo. São três, quatro anos de trabalho. O mercado é mundial, não apenas local.
Como você se sente ao se dedicar a um gênero cinematográfico que ainda engatinha no Brasil?
Como mais um da geração de criadores brasileiros que topou o desafio: produzir conteúdo de qualidade na área de animação para o mundo inteiro. Temos artistas muito competentes, mas obrigados a trabalhar no exterior. Você chega na Pixel, na Disney e na Dream Works, por exemplo, e encontra brasileiros em posições de ponta. A nossa força é a criatividade. O Canadá tem centenas de empresas e poucos sucessos. Aqui tem meia dúzia e cada uma vai cravando sua grande ideia, como a Galinha Pintadinha, o Peixonauta ou Meu Amigãozão.
Como será o seu próximo filme?
Já temos o roteiro, mas é preciso ver, antes, de que personagens o público gosta, o que será aprovado. Por enquanto, nosso projeto é uma série para a TV. Fazendo Minhocas, vi surgirem muitas pessoas com grande potencial, principalmente animadores. Não gostaríamos de nos fechar numa concha, queremos migrar para outras técnicas. Animação é a veia da produtora Animaking, mas se aparecerem outros projetos de qualidade, vamos analisar e, se der, participar.
Assista o trailer de 'Minhocas':