Cinema

'É o fim' delira em todos os aspectos e trafega com facilidade entre o trash e o clichê

Momentos engraçados são raros, boas piadas soam com exageros. Filme de Seth Rogen têm atores conhecidos que representam eles mesmos

Walter Sebastião

Os atores estão tomando o poder no cinema e vai se tornando rotineiro vê-los assumindo a direção de filmes. 'É o fim' vai mais longe. Atores conhecidos (James Franco, Jonah Hill, Jay Bruchel, DaniNcBride, Seth Rogen e Craig Robinson, entre outros) ocupam a tela fazendo o papel deles mesmos!


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É história surreal: durante uma festa hollywoodiana para apresentar a nova casa do astro James Franco, em Los Angeles (EUA), o mundo acaba. E, para irem para o céu, eles terão de ser, de fato, bonzinhos. A direção é do ator Seth Rogen e do produtor Evan Goldberg, ambos estreando na função.

O filme é completamente delirante em todos os aspectos. À medida que a história avança, chega fácil ao trash. São tantas as citações a filmes e personagens que, no limite, trata-se de monumental colcha de retalhos em especial de filmes de terror (de 'O exorcista' até 'A bruxa de Blair'). Caminho que chega à música, só um pouco mais comportada, com presença na tela de Rihanna e dos Backstreet Boys, e trilha com Whitney Houston (cantando a música-título do filme 'O guarda-costas') até psicodelia dos anos 1960, representada por Norman Greembaum.

Apesar da graça do ponto de partida, do esculacho à vida e à cidade de Los Angeles e dos personagens fumarem baseados praticamente da primeira à última cena, É o fim não é o barato que promete. Há momentos engraçados, mas raros. Na maior parte do tempo, as piadas soam sem graça, por exagero nas auto-referências biográficas, estéticas e, talvez, pessoais (há quem diga que as artes cênicas são também artes cínicas). Faltou, ainda, modular “climas” distintos, evitando chapar as cenas no registro “cômico”. O filme lembra mas fica longe de obras afins. Seja o clássico A hora do espanto ou a franquia Red.

'É o fim' tem, não méritos, mas a singularidade de ser obra que carrega no tom de brincadeira de atores. E eles estão ótimos, sustentam o insustentável, com garra digna de nota. Jogam com todos os seus recursos, criando paródia bizarra, casca grossa, grotesta, de filmes altruístas, especialmente os norte-americanos, sobre turmas de amigos. Ganharam inclusive elogio rasgado de um poderoso chefão acostumado a ficar atrás das câmaras olhando as estrepolias de atores: o diretor Quentin Tarantino, no site The Quentin Tarantino Archives, colocou o filme entre os 10 favoritos dele de 2013.

Assista o trailer de 'É o fim':