Cineastas preparam documentário sobre os 105 anos de história do Galo

"Queremos traçar a ideia do que é ser atleticano, de torcer pelo time da virada, em que os jogos são realizados com sofrimento", explica diretor

por Mariana Peixoto 09/10/2013 08:00

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Túlio Santos/EM/D.A Press
Diretores premiados em trabalhos de ficção, os cineastas Helvécio Marins Jr. e Sérgio Borges firmaram parceria com o clube mineiro para realizar o filme (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
As dores e delícias de ser atleticano, que torcedor alvinegro nunca sentiu? Pois a ideia dos realizadores Sérgio Borges e Helvécio Marins Jr. é mostrar todas as nuances do preto e do branco do mais antigo clube mineiro de futebol em atividade. Os 105 anos de história do Atlético são foco do documentário que a dupla de diretores está preparando. “Por um lado, haverá o cunho histórico. Por outro, queremos traçar a ideia do que é ser atleticano, de torcer pelo time da virada, em que os jogos são realizados com sofrimento”, explica Borges.


Os próprios realizadores sabem bem na pele o que é isso. Com 38 e 40 anos, respectivamente, Borges e Marins cresceram assistindo às partidas do time clássico, aquele de Reinaldo, Toninho Cerezo, João Leite, Éder Aleixo, que fez história no início dos anos 1980. “Quando aceitei o convite do Serginho para dirigir, vi que estávamos pensando a mesma coisa. A gente quer fazer um filme pop, para o atleticano, que não tem nada a ver com a carreira da gente até hoje”, afirma Marins, que passou a infância “a seis quarteirões do Mineirão” assistindo a todos os jogos do time.


Fundadores do coletivo audiovisual Teia (que Marins deixou há alguns anos), trazem no currículo filmes de prestígio no cenário nacional e internacional. Seus longas mais recentes são O céu sobre os ombros (de Borges, vencedor dos Candangos de melhor filme, diretor e roteiro no Festival de Brasília, em 2011) e Girimunho (que Marins codirigiu com Clarissa Campolina, vencedor de prêmios nos festivais de Havana e Nantes, na França, também em 2011).


O projeto do documentário está em fase de captação de recursos – teve aprovado, pela Lei do Audiovisual, R$ 735 mil. “Estamos bem confiantes de que até o fim do ano vamos conseguir captar”, diz Borges. Obviamente, a ideia é começar os registros pelo Mundial do Marrocos, em dezembro. “Neste momento, o mais importante foi trazer o clube como parceiro. Já temos o apoio da diretoria do Atlético e a ideia é que o documentário seja licenciado como produto do time”, acrescenta Marins.


A intenção é realizar um longa-metragem de 90 minutos. Parte do material de arquivo virá do próprio clube, por meio de seu centro de memória. Entrevistas com ex e atuais jogadores, dirigentes, jornalistas, radialistas e, logicamente, torcedores vão construir a narrativa. “Haverá um momento de investigar a alma do atleticano, mostrando como essa ideia foi construída até a forma como a Copa Libertadores ocorreu, com o clube conquistando seu principal título”, explica Borges, que começou a trabalhar no projeto em 2012. Ocorrendo uma parceria com uma emissora de TV, o documento pode ganhar uma versão em episódios.


Como torcedores, os dois diretores também pretendem lavar a alma com o filme. Coincidentemente, a dupla abandonou as arquibancadas dos estádios em 1997. Só retornou neste ano. “Cansei de ver o Galo sempre disputar os títulos e na hora final não ganhar”, admite Borges. Já Marins, no final dos anos 1990, achou, como qualquer torcedor, que dava azar para o time. Prometeu que só voltaria quando o Atlético disputasse um título de expressão. Pois retornou, 16 anos mais tarde, com o cartão Galo na Veia. Na campanha para a Libertadores não perdeu uma só partida.



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