Cinema

Cineastas preparam documentário sobre os 105 anos de história do Galo

"Queremos traçar a ideia do que é ser atleticano, de torcer pelo time da virada, em que os jogos são realizados com sofrimento", explica diretor

Mariana Peixoto

Diretores premiados em trabalhos de ficção, os cineastas Helvécio Marins Jr. e Sérgio Borges firmaram parceria com o clube mineiro para realizar o filme
As dores e delícias de ser atleticano, que torcedor alvinegro nunca sentiu? Pois a ideia dos realizadores Sérgio Borges e Helvécio Marins Jr. é mostrar todas as nuances do preto e do branco do mais antigo clube mineiro de futebol em atividade. Os 105 anos de história do Atlético são foco do documentário que a dupla de diretores está preparando. “Por um lado, haverá o cunho histórico. Por outro, queremos traçar a ideia do que é ser atleticano, de torcer pelo time da virada, em que os jogos são realizados com sofrimento”, explica Borges.


Os próprios realizadores sabem bem na pele o que é isso. Com 38 e 40 anos, respectivamente, Borges e Marins cresceram assistindo às partidas do time clássico, aquele de Reinaldo, Toninho Cerezo, João Leite, Éder Aleixo, que fez história no início dos anos 1980. “Quando aceitei o convite do Serginho para dirigir, vi que estávamos pensando a mesma coisa. A gente quer fazer um filme pop, para o atleticano, que não tem nada a ver com a carreira da gente até hoje”, afirma Marins, que passou a infância “a seis quarteirões do Mineirão” assistindo a todos os jogos do time.


Fundadores do coletivo audiovisual Teia (que Marins deixou há alguns anos), trazem no currículo filmes de prestígio no cenário nacional e internacional. Seus longas mais recentes são O céu sobre os ombros (de Borges, vencedor dos Candangos de melhor filme, diretor e roteiro no Festival de Brasília, em 2011) e Girimunho (que Marins codirigiu com Clarissa Campolina, vencedor de prêmios nos festivais de Havana e Nantes, na França, também em 2011).


O projeto do documentário está em fase de captação de recursos – teve aprovado, pela Lei do Audiovisual, R$ 735 mil. “Estamos bem confiantes de que até o fim do ano vamos conseguir captar”, diz Borges. Obviamente, a ideia é começar os registros pelo Mundial do Marrocos, em dezembro. “Neste momento, o mais importante foi trazer o clube como parceiro. Já temos o apoio da diretoria do Atlético e a ideia é que o documentário seja licenciado como produto do time”, acrescenta Marins.


A intenção é realizar um longa-metragem de 90 minutos. Parte do material de arquivo virá do próprio clube, por meio de seu centro de memória. Entrevistas com ex e atuais jogadores, dirigentes, jornalistas, radialistas e, logicamente, torcedores vão construir a narrativa. “Haverá um momento de investigar a alma do atleticano, mostrando como essa ideia foi construída até a forma como a Copa Libertadores ocorreu, com o clube conquistando seu principal título”, explica Borges, que começou a trabalhar no projeto em 2012. Ocorrendo uma parceria com uma emissora de TV, o documento pode ganhar uma versão em episódios.


Como torcedores, os dois diretores também pretendem lavar a alma com o filme. Coincidentemente, a dupla abandonou as arquibancadas dos estádios em 1997. Só retornou neste ano. “Cansei de ver o Galo sempre disputar os títulos e na hora final não ganhar”, admite Borges. Já Marins, no final dos anos 1990, achou, como qualquer torcedor, que dava azar para o time. Prometeu que só voltaria quando o Atlético disputasse um título de expressão. Pois retornou, 16 anos mais tarde, com o cartão Galo na Veia. Na campanha para a Libertadores não perdeu uma só partida.