O título sóbrio, 'Diana', provoca uma confusão: o espectador pode imaginar que se trata de mais uma "biopic", ou filme biográfico. Mas o filme está longe de ser uma biografia convencional sobre a curta e turbulenta vida de Diana Spencer, que virou a princesa de Gales, a infeliz esposa do príncipe Charles, radiante mãe de William e Harry, fonte de dores de cabeça para a família real e alvo predileto dos paparazzi.
O diretor alemão Oliver Hirschbiegel se concentrou nos últimos dois anos de vida de Lady Di, mais especificamente na suposta "história de amor" secreta com o cirurgião paquistanês Hasnat Khan, interpretado por Naveen Andrews (da série 'Lost'). Ao mesmo tempo, o polêmico "affaire" com o egípcio Dodi Al-Fayed (interpretado por Cas Anvar) é apresentado como pouco sério.
O filme, que estreia no Brasil em 25 de outubro, foi recebido de maneira fria na Grã-Bretanha. Para o jornal The Guardian, "a verdade é que 16 anos depois daquele dia terrível de 1997, ela voltou a ter outra morte espantosa. Será que este filme faz parte de um complô do MI5 para manchar seu nome e fazê-la parecer de plástico e absurda?"
Segundo o Daily Mail, "o filme não é ordinário nem sensacionalista, como alguém poderia temer. Nunca chega a ser emocionante, nem desperta o menor interesse. Não é nem sequer agradavelmente ruim".
O roteirista Stephen Jeffreys se inspirou sobretudo no best-seller de Kate Snell - que foi consultora do filme -, 'Diana: Her Last Love', publicado em 2001. "Com certeza liberamos a imaginação, mas buscamos nos aproximar do que pensamos que era seu estado de espírito", disse o produtor, Robert Bernstein.
Naomi não é sósia de Diana
Em 1º de setembro de 1995, a princesa de Gales e o médico Hasnat Khan foram apresentados por Oonagh Toffolo (Geraldine James), amiga de Diana, no Royal Brompton Hospital de Londres. Já separada oficialmente de Charles (o divórcio seria pronunciado oficialmente no ano seguinte), Diana se apaixona pelo cardiologista. "Não me trata como uma princesa", comenta Diana no filme. O caso se torna impossível entre uma princesa em crise, às vezes torpe ou manipuladora, e um cirurgião que não aspira mais que exercer de maneira tranquila sua profissão.
"Nunca seremos um casal normal", comenta o médico.
Hasnat Khan, que hoje tem 54 anos, nunca confirmou o relacionamento com Diana e declarou à imprensa britânica que o filme era baseado em "boatos" e parecia "totalmente falso". Os produtores admitiram que nunca o consultaram.
Considerando uma enorme pressão o fato de interpretar um ícone como Diana, Naomi Watts, atriz australiana de origem britânica, afirmou que hesitou antes de aceitar o papel. Perucas, nariz falso, vestidos de Diana copiados ou até mesmo emprestados: a atriz tentou entrar na pele da princesa, estudando sua forma de falar, a postura e o olhar.
O espectador volta a encontrar no filme as atitudes mil vezes imortalizadas pela imprensa especializada. Mas custa a identificar a Lady Di com a jovem apaixonada que tem a vida sentimental exposta no filme. "Naomi não é sósia de Diana, e de todas as formas não era isto que buscávamos", afirma Robert Bernstein.
Em 31 de agosto de 1997, Diana morreu aos 36 anos em um acidente de automóvel em Paris, ao lado de Dodi Al-Fayed. A estreia do filme foi precedida por novas especulações sobre a tragédia, que continua alimentando teorias da conspiração, segundo as quais a princesa teria sido assassinada por um membro das Forças Armadas britânicas.