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Mordomia Sem se envolver diretamente com ingredientes, técnicas ou criatividade, o diretor consegue enfoque interessante e menos usual de seis dos mais conhecidos chefs franceses que trabalham no Brasil: Erick Jacquin (La Brasserie Erick Jacquin, SP), Alain Uzan (Avek, SP), Emmanuel Bassoleil (Skye, SP), Frédéric Monnier (Brasserie Rosário, RJ), Laurent Suaudeau (Escola da Arte Culinária Laurent, SP) e Roland Villard (Le Pré Catelan, RJ). Ausência gritante é a de Claude Troisgros (Olympe, RJ), o mais conhecido chef francês no país, que teria se recusado a participar do documentário.
Em estilo road movie, Belhassen percorreu cerca de 2 mil quilômetros na França para entender melhor a partida de cada um dos chefs rumo a esse exílio um tanto doce, um tanto melancólico no Brasil – de onde, aparentemente, nunca sairão. O diretor vai ao encontro do lendário chef Paul Bocuse, de 87 anos, que dispara: “Não perguntei se Laurent queria ir para o Brasil. Apenas mandei que fosse”. O veterano diz que a razão do sucesso de seu enviado é o casamento da base francesa com produtos nacionais.
Enquanto a mãe de Laurent orgulha-se da conduta do filho, que teria se mantido uma pessoa simples até hoje, a de Jacquin o critica por ter se descuidado da saúde e ficado gordo demais. Aliás, vem desse último explicação sedutora para a decisão de vir morar no Brasil: chegou para fazer festival de pratos com foie gras em São Paulo, recebeu US$ 7 mil por cinco dias de trabalho, teve motorista à disposição e caiu na farra. Foi exposto a nível de mordomia até então desconhecido.
Os pais de Bassoleil lamentam a distância que os separa, imaginando que morrerão sem ver o filho voltar à França. O chef, por outro lado, lembra que a vida aqui, apesar do prestígio na mídia, nem sempre é algo tão dourado quanto pode parecer. O primeiro fracasso, lembra ele, aconteceu graças a um amigo (padrinho de seu filho, inclusive), que administrava suas finanças e teria lhe roubado mais de US$ 150 mil.