Embora tenha começado no radioteatro, na Rádio Inconfidência, Elvécio Guimarães, de 79 anos, continua fazendo dos palcos sua grande paixão. “Para ele, tudo é teatro”, diz Breno Milagres, que está rodando na capital o documentário 'Teatro no sangue e na alma', sobre o ator. Para o roteirista, diretor e produtor, Elvécio é espelho para várias gerações de atores de Belo Horizonte.
saiba mais
História de luta
Mineiro criado entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro, Elvécio chegou a fazer radioteatro na Mayring Veiga. A criação da TV Itacolomi, no entanto, acabou trazendo-o de volta à capital mineira. “A bem da verdade, eu nunca quis sair de Belo Horizonte”, confessa o ator, que diz gostar muito da cidade natal.
Além de depoimentos do próprio Elvécio Guimarães já gravados, Milagres está agendando o mesmo com Wilma Patrícia, Pedro Paulo Cava, Wilma Henriques, Rogério Falabela, Magdalena Rodrigues e Rômulo Duque. “Elvécio é da geração que começou na Itacolomi. Tem o nome dele escrito na história da emissora, objeto de muita luta da classe. Com o fim da Itacolomi, esta geração se jogou no teatro, o que salvou a cabeça de todos. É um lutador”, empolga-se Pedro Paulo Cava.
Cava, que dirigiu o amigo em 'O bravo soldado Schweik', de Jaroslav Hasek (1979), e 'Rasga coração' (1984), de Oduvaldo Viana Filho, salienta a participação do ator na transformação da associação em sindicato dos artistas e técnicos em espetáculos da capital, em 1980. “Elvécio foi o artífice desta história. Trata-se de um lutador, além de um grande ator, diretor e preparador de ator”, conclui Cava.
“Estou muito feliz de ainda ser lembrado com bons olhos”, emociona-se Elvécio Guimarães, que soma mais de 60 anos de teatro. Além do retorno de 'Nelson sem pecado', ele informa que vai voltar a dirigir o também ator Ricardo Figueiredo em texto de Luis Fernando Veríssimo. “Costumo brincar que já fiz mais de mil personagens”, diz Elvécio, lembrando que só na Itacolomi fazia um por semana. “No palco são mais de 50 peças”, contabiliza.
Milagres corre contra o tempo para lançar o documentário no início de 2014, já que o ator irá completar 80 anos em abril. Depois da tentativa frustrada de conseguir recursos (o orçamento é de R$ 95 mil) pela lei municipal de incentivo à cultura, o diretor corre atrás da lei federal. “Como ator, Elvécio é muito didático”, avalia Milagres, lembrando que ele não gosta muito de cinema sob o argumento de que aquele é definitivo, e definido pelo diretor, não pelo ator. “No palco ele acha que o ator é livre para se corrigir no dia a dia da temporada.”