A justiça dos Estados Unidos se negou a divulgar as informações que a CIA forneceu aos produtores do filme 'A hora mais escura' para que pudessem contar a história da captura e morte do terrorista mais procurado do mundo, Osama Bin Laden, informaram fontes judiciais.
O juiz federal Rudolph Contreras rejeitou o pedido da organização não-governamental Judicial Watch, que reinvindicava a publicação dos nomes das pessoas-chave da operação contra Osama bin Laden, que a CIA e o Pentágono repassaram aos criadores do longa-metragem.
O magistrado argumenta que, embora os nomes dos quatro altos funcionários da CIA e do membro do comando tenham sido passados à diretora Kathryn Bigelow e ao cenógrafo Mark Boal durante as filmagens, eles não aparecem nos créditos do filme e, portanto, "não são de domínio público".
Em sua argumentação, o Departamento de Justiça destacou que essa publicação poderia causar "um risco desnecessário à segurança e à contra-inteligência."
A Judicial Watch anunciou que iria recorrer da decisão. Em um comunicado, afirmou que havia fornecido documentos que comprovavam que "a administração Obama permitiu um acesso pouco habitual a informações secretas, incluindo os nomes dos agentes da CIA envolvidos na operação contra bin Laden."
"O governo queria facilitar a produção do filme que retrata com precisão as pessoas envolvidas na busca a bin Laden", acrecenta o advogado da organização, Chris Fedeli.
Em um caso semelhante, um dos acusados pelo atentado de 11 de setembro exigiu à justiça militar de Guantánamo acesso às mesmas informações concedidas a cineastas de Hollywood. Trata-se do paquistanês Ali Abd al-Aziz Ali, também conhecido como Ammar al-Baluchi, identificado no filme como o detento torturado em uma prisão secreta da CIA.
"O fato de um juiz decidir que a CIA pode ocultar informações sobre o A hora mais escura não significa que o Ministério Público pode esconder as mesmas informações dos defensores da al-Baluchi", disse à AFP James Connell, advogado de defesa do juiz Contreras.
"O pedido se justifica", argumenta o advogado em seu recurso. "Os Estados Unidos forneceram mais informações para os produtores de A hora mais escura em relação ao tratamento dispensado a al-Baluchi na prisão da CIA do que para a sua defesa", acrescenta.