Exibido no encerramento do Festival de Sundance em janeiro, 'Jobs' chega aos cinemas americanos nesta sexta-feira, 16 (previsão de estreia em novembro no Brasil), precedido pelo frenesi midiático que acompanha tudo relacionado a Apple ou a seu lendário cofundador.
O filme, que gerou reações tímidas em Sundance, narra 20 anos da vida de Steve Jobs, desde a criação da Apple em uma garagem da Califórnia até seu retorno triunfal à empresa em 1996, quando retomou o comando da companhia.
Dirigido por Joshua Michael Stern e escrito por Matt Whiteley, 'Jobs' parece mais inclinado a glorificar o visionário inventor do iPod do que a explorar os aspectos mais polêmicos do personagem, apesar de dedicar algumas cenas a seu caráter difícil, sua brusca ruptura com a namorada grávida e a recusa inicial de reconhecer a filha.
Na feira Macworld/iWorld de São Francisco em janeiro, Ashton Kutcher admitiu que ficou intimidado com o papel. "Interpretar alguém sobre quem todo mundo tem uma opinião ou uma crítica a fazer é muito, muito aterrorizante", disse. O ator de 35 anos, que se define como um "geek" e investe em "start-ups" tecnológicas, assistiu centenas de horas de vídeos de Steve Jobs para aprender sua maneira de caminhar e dicção.
Kutcher chegou ao extremo de adotar a estrita dieta de Steve Jobs, "comendo e bebendo apenas frutas e suco de cenoura por um mês". O resultado foi uma dor insuportável de estômago que o deixou internado por dois dias antes do início das filmagens.
O filme e o tema provocaram muitas críticas, incluindo do cofundador da Apple Steve Wozniak - interpretado por Josh Gad em 'Jobs' -, que manifestou publicamente suas reservas.
Outro filme, outra versão
O criador dos primeiros computadores da marca, Apple I e Apple II, digeriu mal uma cena em que Steve Jobs descreve o extraordinário potencial dos sistemas operacionais que acabara de inventar. "Na cena, Steve me dá uma aula sobre o potencial dos computadores, mas na realidade foi exatamente o contrário", disse Wozniak ao jornal Los Angeles Times.
"Steve nunca criou um grande equipamento. Naquela época, sofria um fracasso atrás do outro. Era incrivelmente visionário, mas não tinha a capacidade de levar para a prática o que imaginava". "Ficaria surpreso se o filme retratasse a realidade", afirmou.
Ashton Kutcher respondeu às críticas em uma entrevista ao Hollywood Reporter, na qual afirmou que Wozniak queria que sua contribuição para a Apple fosse representada igualmente a de Steve Jobs. "Mas, claramente, o filme se chama 'Jobs'. É sobre Steve Jobs, sobre a herança deixada por Steve Jobs, então penso que deve concentrar-se mais na contribuição de Jobs para a Apple".
Kutcher também disse que Wozniak colabora com a Sony em outra cinebiografia de Steve Jobs, baseada na biografia oficial escrita por Walter Isaacson e publicada pouco depois da morte do guru da Apple. "Wozniak está sendo pago por outro estúdio para ajudar a defender seu próprio filme sobre Steve Jobs. Assim, sua opinião estará de algum modo conectada a este fato", disse Kutcher.
O segundo projeto ainda está na fase do roteiro, a cargo de Aaron Sorkin, que venceu o Oscar pelo roteiro adaptado de 'A rede social', sobre a criação do Facebook. O roteirista já revelou que construirá o filme em três fases de 30 minutos, nas quais descreverá Jobs com os lançamentos de três produtos importantes da marca. O filme da Sony ainda não tem diretor nem protagonista definidos.