Cinema

'Vendo ou alugo' tem como ponto forte o trabalho de atores jovens e veteranos

Filme de Betse de Paula estreia em 150 salas de todo o país

Ana Clara Brant

Marieta Severo é o destaque do filme
Comédia brasileira, ainda mais com atores globais, tem sido sinônimo de sucesso nos últimos anos. Bater 1 milhão de espectadores se tornou até corriqueiro. E não deve ser diferente com 'Vendo ou alugo', da diretora Betse de Paula, que estreia hoje em 150 salas de todo o país.


Confira os horários das sessões


 Com bagagem de 12 prêmios no Cine PE – Festival do Audiovisual, inclusive os da crítica, júri e público, o longa conta a história de um casarão no pé do Morro Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio de Janeiro, habitado por uma família com quatro gerações de mulheres, que já foi riquíssima, mas está cheia de dívidas. Maria Alice (Marieta Severo) recebe a notícia de que a casa irá a leilão se não quitar a parcelas atrasadas. Ela terá que convencer a mãe, Maria Eudóxia (Nathália Timberg), a filha Baby (Sílvia Buarque) e a neta Madu (Beatriz Morgana) de que só há uma solução para escaparem da falência: vender o imóvel em tempo recorde. Apostando na valorização da casa com a chegada na favela da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), elas passam por situações cômicas quando tentam ao mesmo tempo vender a mansão para um empresário estrangeiro (Nicola Lama) e para um ex-assaltante e atual pastor da comunidade (André Mattos).

Sem dúvida nenhuma, um dos pontos altos da produção é o elenco. E o mais interessante. Gente de todas as gerações. Desde o iniciante Juan Paiva, intérprete do simpático menino de favela, até o impagável trio de veteranas Daisy Lúcidi, Carmen Verônica e Ilka Soares, que fazem as amigas da ex-embaixatriz vivida por Nathália Timberg. Mas é em Marieta que o filme se concentra e é ela que acaba roubando a cena. “A personagem tem tudo a ver com a minha geração. Mergulhei mesmo. Poderia ter feito a Maria Alice até de um jeito mais crítico, mas foi a maneira que encontrei de fazer. Uma mulher meio irresponsável e que embarca em tudo. É uma apaixonada pela vida”, define a protagonista.

O longa-metragem aborda questões contemporâneas como drogas, violência, política, especulação imobiliária, mas de maneira diferente. Leve e bem-humorada. Por isso, tem sido considerada até pelo próprio elenco, uma das produções mais politicamente incorretas dos últimos tempos.

“O filme não pretende aprofundar ou defender qualquer assunto, mas ele joga esses temas. Não tem proposta nenhuma. E deixa tudo muito aberto. Não era nossa intenção tomar posição em nada, mas sim trazer essas questões”, defende Betse de Paula.

Assim como boa parte dos longas nacionais focados no humor, algumas piadas funcionam, outras não. O roteiro começa bem-amarrado, mas no fim, a sensação é que a coisa se perde e o desfecho é mais simples e óbvio. No entanto, não deixa de ser boa oportunidade para conferir grandes atuações e dar algumas risadas. Também no casting estão Marcos Palmeira, Maria Assunção, Nicola Lama, Pedro Monteiro e as participações especiais de Analu Prestes, Antônio Pitanga e Nizo Netto.

SAIBA MAIS


A CASA


Um dos personagens mais importantes da trama é o casarão no Leme, onde vivem as quatro mulheres. Ao longo de oito décadas,
a casa de cinco andares e 12 quartos, que pertence à família da diretora de arte Emily Pirmez, passou por modificações. Ganhou um elevador dos anos 1950, o salão de jogos e a sala de cinema foram transformados em quartos e a falsa lareira foi retirada. As janelas, as portas e o piso de madeira foram preservados. O estilo híbrido reúne grandes colunas, jardins suspensos e sancas decorativas. O local já serviu de locação para fotos publicitárias e para a minissérie Maysa.

Assista ao trailer do filme: