Nessas férias, Hollywood pegou pesado. Em busca de recordes de bilheteria em todo o mundo, os principais estúdios escalaram super-heróis, fantasmas e carismáticos personagens de desenhos animados. No Brasil, espectadores interessados em conferir as novidades lotam as salas, mas, no fim das sessões, dividem-se entre o entusiasmo e a decepção. A despeito dos milhões investidos nas produções e na divulgação, os candidatos a blockbuster não conquistaram a unanimidade.
“Atualmente, a qualidade dos filmes, roteiros e imagens é excelente. Principalmente daqueles inspirados nas HQs, como o novo do Super-Homem. A safra é muito boa e tem ficado melhor a cada temporada”, avalia o desenhista Jean Paulo, professor da Casa dos Quadrinhos. A educadora Vânia Donnabella discorda. “Acho esses blockbusters meio fracos. Trazem quase nenhum desafio intelectual e artístico, mexem pouco com as crianças. Funcionam meramente como entretenimento”, diz. Ela enfrentou fila com o filho, Paulo, e os amigos dele, os irmãos Luca, Clara e Renzo Moretzsohn Neuenschwander, para assistir ao desenho animado Turbo, que conta a história de um caracol ultraveloz. A garotada adorou. Essa reação entusiasmada revela o outro lado da moeda.
“Esse tipo de filme é para divertir, não para questionar a vida a partir do roteiro”, afirma o professor Jean Paulo. O entretenimento dá o tom da estratégia comercial que cerca os blockbusters, minuciosamente planejada. “Hoje, não se faz mais esse tipo de filme para contar história, mas para vender um produto. Antes, imaginava-se o roteiro e daí nasciam os personagens. Agora, é o contrário: tudo parte de figuras comerciais, que podem virar bonecos, brinquedos, quadrinhos ou games. Com certeza, o roteiro sai prejudicado”, reclama Eddie Vieira, professor de esculturas e modelagem, fã incondicional desse tipo de produção.
Eddie lida com o universo das HQs e dos desenhos animados. Por isso, acompanha tudo de perto. “Quando começa a propaganda, já fico na expectativa. Depois, vou ao cinema e compro os produtos, sobretudo porque minha profissão é lidar com esse universo”, explica. O desenhista acompanha, principalmente, animações e longas americanos inspirados em heróis dos quadrinhos. Ele está satisfeito com a atual temporada. “Achei bacana, mesmo conhecendo as narrativas de cor. São legais as releituras dos heróis, pois trazem outros pontos de vista.” Entretanto, Eddie desaprova as mudanças radicais: “Não gostei do novo Super-Homem. Mudaram sua personalidade, isso traiu a essência do herói”.
A maioria do público que lota as salas de cinema quer se divertir. A cozinheira Paola Torres, por exemplo, aproveitou o tempo livre para levar os filhos Tereza, de 5 anos, e Damião, de 2, e o amigo deles Gabriel Dumont, de 6, para conferir Turbo. “Acho bons esses desenhos. Didáticos, ao final eles sempre trazem a moral da história, o que é bacana para as crianças.”
As férias escolares reforçam a presença de jovens nos shopping centers. Grupos de amigos vão ao cinema conferir tanto as sequências de blockbusters hollywoodianos quanto as novidades nacionais. Os estudantes João Vitor Ferreira, de 16, e Bruna Sancruz, de 14, não se incomodaram com a fila em plena tarde de quarta-feira para assistir à comédia O concurso, no Boulevard Cineart. João gostou tanto que voltou com a amiga. “Adoro comédia”, resume a jovem.
Outra dupla animada com a sessão da tarde era o técnico de segurança do trabalho Roger Dias da Cunha, de 19, e a estudante Nayara Romualdo, de 16. “Meus amigos disseram que Meu malvado favorito é bom, vim para acompanhar a Nayara”, contou ele.
Estratégia Lúcio Otoni, diretor do Sindicato das Empresas Exibidoras em Minas Gerais e gerente geral da Rede Cineart no estado, explica que os grandes lançamentos do verão americano chegam ao país nesse período de férias. “Cerca de 70% das salas se concentram em blockbusters como O homem de aço, Meu malvado favorito 2 e O cavaleiro solitário. Os nacionais têm boa entrada nos meses de pico, como é o caso de Minha mãe é uma peça e O concurso.”
O mercado espera público 7% maior em relação ao ano passado, informa Lúcio, que atribui o bom momento aos longas em oferta e à ampliação do número de espectadores no país. De acordo com ele, todas as produções em cartaz cumprem as expectativas, mas Meu malvado favorito 2 foi além do esperado.
Ao contrário da opinião da maioria dos críticos, que têm feito duras objeções às apostas da temporada, o mercado está rindo à toa. “Este ano não houve decepções”, diz Lúcio Otoni, de olho nas bilheterias.
BILHETERIAS
BRASIL
Meu malvado favorito 2 – R$ 8 milhões
O homem de aço – R$ 6 milhões
O concurso – R$ 3,7 milhões
Turbo – R$ 3,4 milhões
Minha mãe é uma peça – R$ 3,2 milhões
Números do último fim de semana
OS 10 MAIS DE 2013
Homem de ferro 3 – R$ 97,4 milhões
Meu malvado favorito 2 – R$ 56 milhões
Velozes e furiosos 6 – R$ 49 milhões
João e Maria – R$ 48,6 milhões
De pernas pro ar 2 – R$ 44 milhões
Detona Ralph – R$ 42,7 milhões
Minha mãe é uma peça – R$ 37,3 milhões
Universidade Monstros – R$ 35,4 milhões
Se beber, não case 3 – R$ 35,1 milhões
Os Croods – R$ 33,6 milhões
Fonte: Filme B
APOSTAS EM CARTAZ
» HERÓIS
Guerra mundial Z
O cavaleiro solitário
O homem de aço
Wolverine – Imortal
» INFANTIS
Meu malvado favorito 2
Turbo
» COMÉDIAS NACIONAIS
O concurso
Minha mãe é uma peça
“Atualmente, a qualidade dos filmes, roteiros e imagens é excelente. Principalmente daqueles inspirados nas HQs, como o novo do Super-Homem. A safra é muito boa e tem ficado melhor a cada temporada”, avalia o desenhista Jean Paulo, professor da Casa dos Quadrinhos. A educadora Vânia Donnabella discorda. “Acho esses blockbusters meio fracos. Trazem quase nenhum desafio intelectual e artístico, mexem pouco com as crianças. Funcionam meramente como entretenimento”, diz. Ela enfrentou fila com o filho, Paulo, e os amigos dele, os irmãos Luca, Clara e Renzo Moretzsohn Neuenschwander, para assistir ao desenho animado Turbo, que conta a história de um caracol ultraveloz. A garotada adorou. Essa reação entusiasmada revela o outro lado da moeda.
“Esse tipo de filme é para divertir, não para questionar a vida a partir do roteiro”, afirma o professor Jean Paulo. O entretenimento dá o tom da estratégia comercial que cerca os blockbusters, minuciosamente planejada. “Hoje, não se faz mais esse tipo de filme para contar história, mas para vender um produto. Antes, imaginava-se o roteiro e daí nasciam os personagens. Agora, é o contrário: tudo parte de figuras comerciais, que podem virar bonecos, brinquedos, quadrinhos ou games. Com certeza, o roteiro sai prejudicado”, reclama Eddie Vieira, professor de esculturas e modelagem, fã incondicional desse tipo de produção.
Eddie lida com o universo das HQs e dos desenhos animados. Por isso, acompanha tudo de perto. “Quando começa a propaganda, já fico na expectativa. Depois, vou ao cinema e compro os produtos, sobretudo porque minha profissão é lidar com esse universo”, explica. O desenhista acompanha, principalmente, animações e longas americanos inspirados em heróis dos quadrinhos. Ele está satisfeito com a atual temporada. “Achei bacana, mesmo conhecendo as narrativas de cor. São legais as releituras dos heróis, pois trazem outros pontos de vista.” Entretanto, Eddie desaprova as mudanças radicais: “Não gostei do novo Super-Homem. Mudaram sua personalidade, isso traiu a essência do herói”.
A maioria do público que lota as salas de cinema quer se divertir. A cozinheira Paola Torres, por exemplo, aproveitou o tempo livre para levar os filhos Tereza, de 5 anos, e Damião, de 2, e o amigo deles Gabriel Dumont, de 6, para conferir Turbo. “Acho bons esses desenhos. Didáticos, ao final eles sempre trazem a moral da história, o que é bacana para as crianças.”
As férias escolares reforçam a presença de jovens nos shopping centers. Grupos de amigos vão ao cinema conferir tanto as sequências de blockbusters hollywoodianos quanto as novidades nacionais. Os estudantes João Vitor Ferreira, de 16, e Bruna Sancruz, de 14, não se incomodaram com a fila em plena tarde de quarta-feira para assistir à comédia O concurso, no Boulevard Cineart. João gostou tanto que voltou com a amiga. “Adoro comédia”, resume a jovem.
Outra dupla animada com a sessão da tarde era o técnico de segurança do trabalho Roger Dias da Cunha, de 19, e a estudante Nayara Romualdo, de 16. “Meus amigos disseram que Meu malvado favorito é bom, vim para acompanhar a Nayara”, contou ele.
Estratégia Lúcio Otoni, diretor do Sindicato das Empresas Exibidoras em Minas Gerais e gerente geral da Rede Cineart no estado, explica que os grandes lançamentos do verão americano chegam ao país nesse período de férias. “Cerca de 70% das salas se concentram em blockbusters como O homem de aço, Meu malvado favorito 2 e O cavaleiro solitário. Os nacionais têm boa entrada nos meses de pico, como é o caso de Minha mãe é uma peça e O concurso.”
O mercado espera público 7% maior em relação ao ano passado, informa Lúcio, que atribui o bom momento aos longas em oferta e à ampliação do número de espectadores no país. De acordo com ele, todas as produções em cartaz cumprem as expectativas, mas Meu malvado favorito 2 foi além do esperado.
Ao contrário da opinião da maioria dos críticos, que têm feito duras objeções às apostas da temporada, o mercado está rindo à toa. “Este ano não houve decepções”, diz Lúcio Otoni, de olho nas bilheterias.
BILHETERIAS
BRASIL
Meu malvado favorito 2 – R$ 8 milhões
O homem de aço – R$ 6 milhões
O concurso – R$ 3,7 milhões
Turbo – R$ 3,4 milhões
Minha mãe é uma peça – R$ 3,2 milhões
Números do último fim de semana
OS 10 MAIS DE 2013
Homem de ferro 3 – R$ 97,4 milhões
Meu malvado favorito 2 – R$ 56 milhões
Velozes e furiosos 6 – R$ 49 milhões
João e Maria – R$ 48,6 milhões
De pernas pro ar 2 – R$ 44 milhões
Detona Ralph – R$ 42,7 milhões
Minha mãe é uma peça – R$ 37,3 milhões
Universidade Monstros – R$ 35,4 milhões
Se beber, não case 3 – R$ 35,1 milhões
Os Croods – R$ 33,6 milhões
Fonte: Filme B
APOSTAS EM CARTAZ
» HERÓIS
Guerra mundial Z
O cavaleiro solitário
O homem de aço
Wolverine – Imortal
» INFANTIS
Meu malvado favorito 2
Turbo
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O concurso
Minha mãe é uma peça