O diretor Abdellatif Kechiche e suas duas atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux foram agraciados neste domingo com a Palma de Ouro do 66º Festival de Cannes pelo filme francês "A vida de Adèle". As atrizes, aos prantos, e o diretor foram longamente ovacionados por esse filme que conta uma história de amor ardente entre duas mulheres.
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"Nós nos sentimos privilegiados de assistir a esse filme, e não incomodados (...) É a história de um amor profundo, magnífico. O diretor usou uma narrativa ousada. Ficamos encantados com o filme, com as atrizes formidáveis. O diretor permitiu que as personagens realmente ganhassem vida", declarou Steven Spielberg durante a entrevista coletiva à imprensa após a cerimônia de encerramento.
Perguntado a respeito de eventuais dificuldades que o filme poderá encontrar em alguns países e nos estados americanos mais conservadores, o presidente do júri ressaltou que "esse critério não contou", elogiando o diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche por "ter tido a coragem de contar essa história".
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"Não é a política que nos influenciou, mas o filme", frisou ainda o americano no mesmo dia que em Paris uma grande manifestação contra o casamento homossexual era realizada.
A obra de Kechiche, na qual a jovem Adèle Exarchopoulos, até agora quase desconhecida, divide a tela com Léa Seydoux, contém fortes cenas de sexo entre mulheres, que revelam, no entanto, uma bela história de amor.
Adèle (Adèle Exarchopoulos), uma estudante de 15 anos, se envolve com homens até conhecer Emma (Léa Seydoux), uma jovem de cabelos azuis, estudante de Belas Artes. Com ela, Adèle vai descobrir o desejo e a paixão, aprende a se conhecer e a se tornar mulher.
O longa-metragem, abrilhantado pelas grandes atuações das duas jovens atrizes, seduziu este ano o júri de Cannes, presidido pelo mago de Hollywood, que contou com estrelas do porte de Nicole Kidman, Daniel Auteuil e Christoph Waltz.
Nas outras premiações da noite, os prêmios para as melhores interpretações masculina e feminina ficaram com o americano Bruce Dern, de 76 anos, por sua atuação como um velho amargo em "Nebraska", do diretor Alexander Payne, e com a franco-argentina Bérénice Bejo, de 36, por seu papel de uma mãe destroçada em "Le Passé", do iraniano Asghar Farhadi.
Bejo e Farhadi ficaram mais conhecidos durante o Oscar em 2012, quando ela arrancou aplausos por sua atuação no grande vencedor da cerimônia "O Artista", de Michel Hazanavicius, e ele conquistou a crítica americana com "A Separação", premiado como melhor produção estrangeira.
O Grande Prêmio foi concedido aos irmãos Coen, por sua obra "Inside Llewyn Davis", um filme nostálgico e engraçado sobre o Greenwich Village de 1961 e a música folk que começava a fazer sucesso.
Nesse filme com toques de humor no qual a música ocupa um lugar central com canções interpretadas ao vivo, a estrela em ascensão do cinema americano, Oscar Isaac, se revela um bom músico e cantor de folk, com destaque também para o 'pop star' Justin Timberlake, seu amigo no filme.
O júri desta tradicional celebração do cinema na Croisette premiou o mexicano Amat Escalante, de "Heli", como melhor diretor. Seu filme mostra sem pudores os estragos causados pela corrupção e pelo narcotráfico no México.
O prêmio do Júri foi para o diretor japonês Hirokazu Kore-Eda por "Like father, like son", e o chinês Jia Zhangke recebeu o de melhor roteiro por "A touch of sin".