O ator dinamarquês Mads Mikkelsen, vencedor do prêmio de melhor ator em 2012, volta ao Festival de Cannes como protagonista do filme "Michael Kohlhaas", uma produção histórica de ação que reflete sobre o poder e a justiça, exibido nesta sexta-feira (24/5). Na disputa pela Palma de Ouro, o filme do francês Arnaud des Pallieres, ambientado no século XVI nas montanhas de Cevennes (centro da França), é uma adaptação do livro de mesmo nome do alemão Heinrich von Kleist (1777-1811).
"Descobri este texto quando iniciava minha formação de cinema, aos 25 anos, e desde então não parei de pensar nele", explicou o diretor. "Michael Kohlhaas" conta a história de um próspero comerciante de cavalos, que depois de ser vítima da injustiça de um homem poderoso termina criando um exército e recorre à violência para obter o que exige. "É muito difícil julgar o personagem", disse Pailleres.
"Há uma resposta por espectador. O espectador pode chamá-lo de terrorista, justiceiro ou revolucionário e tomar partido, e esta era a base do meu projeto". O diretor destaca em particular o momento em que Kohlhaas, à frente de uma revolta que está perto de conquistar o poder, renuncia ao objetivo, abaixa as armas e volta para casa.Talvez por falta de recursos, a ação mostrada no filme não corresponde à trama relatada. Pailleres, cuja câmera parece fascinada pelo rosto do ator dinamarquês, destacou "a sutileza, a gentileza e a intensidade da interpretação de Mads Mikkelsen, que consegue conservar a complexidade" do personagem de Kleist.
Mikkelsen recebeu em 2012 o prêmio de melhor ator em Cannes pelo papel de um professor injustamente acusado de pedofilia em "A Caça". "Um ano depois é muito gratificante estar em Cannes, deveria virar uma tradição", disse o ator.