Os organizadores mudaram a data de abertura do Festival de Cannes, deslocando-a oito dias para frente, a fim de evitar a presença de um convidado indesejável. Em vão. Choveu na Riviera Francesa nesse 15 de maio, dia da abertura da 66ª edição do maior festival de cinema do mundo. Todos foram pegos de surpresa. Em frente ao Palácio dos Festivais, mulheres e homens muito bem-vestidos desfilavam sob a chuva renitente. Além disso, um vento forte soprava da Baía de Cannes. Não há penteado que sobreviva nem gravata que fique no lugar no boulevard Croissette, coração mundano da Cote D’Azur nestes 12 dias de festival.
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A preocupação tem fundamento. Em outubro, uma célula de terroristas foi desmantelada em pleno coração de Cannes, num tenebroso episódio. A região está em alerta máximo. Quinhentos e cinquenta agentes metropolitanos, fora a força nacional, controlam cada pedaço do balneário, da areia da praia aos cafés de esquina. Em cada porta do Palácio dos Festivais, cada pequeno volume é examinado meticulosamente por seguranças. Eles também contam com 350 câmeras, dentro e ao redor do palácio.
Segundo a comissária de Polícia de Cannes Véronique Morandi, além do terrorismo, a segurança na cidade não vai dar vida fácil para os “perturbados” que procuram se misturar à multidão de fãs, na tentativa de se aproximar, com intenções duvidosas, das estrelas do festival.
Da sala de projeção para dentro, as exibições pré-abertura oficial iniciaram às 10h (hora local) com O grande Gatsby, de Baz Luhrmann, em versão 3D. É a quarta adaptação para o cinema do clássico romance do americano Francis Scott Fitzgerald. Quase um século depois do lançamento do livro, a tarefa de dar vida ao complexo e atual Jay Gatsby está com o consagrado Leonardo Di Caprio. Luhrmann, que entre outros dirigiu Moulin Rouge, procura mostrar ao público que o herói dúbio Gatsby tenta viver separado do mundo que ele próprio criou, para esconder suas origens humildes e fraudulentas. Entre soberbo e decadente, meio aristocrata e meio proletário, Gatsby arrasta com ele poucos personagens, mas suficientes para mostrar que o sonho americano da bonança econômica se achava corrompido já em 1920. O filme foi recebido friamente pela plateia de jornalistas, antes da exibição oficial. Leonardo di Caprio estava cedinho nas dependências do palácio, exibindo sua eterna imagem de quem acabou de lavar o rosto e pentear os cabelos ainda molhados.
Confira lista dos filmes integrantes da competição:
'Behind the candelabra', de Steven Soderbergh
'Borgman', de Alex Van Warmerdam
'Grisgris', de Mahamat-Saleh Haroun
'Heli', de Amat Escalante
'Inside Llewyn Davis', de Ethan e Joel Coen
'Jeune & Jolie (Young & Beautiful)', de François Ozon
'Jimmy P. (Psychotherapy of a plains indian)', de Arnaud Desplechin
'La grande bellezza (The great beauty)', de Paolo Sorrentino
'La vénus à la fourrure (Venus in fur)', de Roman Polanski
'La vie D'Adèle - Chapitre 1 & 2 (Blue is the warmest colour)', de Abdellatif Kechiche
'Le passé (The past)', de Asghar Farhadi
'Michael Kohlhaas', de Arnaud DES Pallières
'Nebraska Realizado', de Alexander Payne
'Only God forgives', de Nicolas Winding Refn
'Only lovers left alive', de Jim Jarmusch
'Soshite chichi ni naru (Like Father, Like Son)', de Kore-eda Hirokazu
'The immigrant', de James Gray
'Tian Zhu Ding (A touch of sin)', de Jia Zhangke
'Un château en Italie (A castle in Italy)', de Valeria Bruni Tedeschi
'Wara no Tate (Shield of Straw)', de Takashi Miike