A indústria indiana do cinema festeja nesta sexta-feira, 3, seu centenário com a exibição de dois filmes homenageando sua origem humilde - na era do cinema mudo - e a influência de Bollywood sobre a sociedade atual. Concebido por diretores renomados, o 'Bombay Talkies' reúne quatro curtas-metragens inspirados pelo amor que este vasto país de 1,2 bilhão de habitantes tem pelo cinema.
"Geralmente, nós celebramos aniversários e isso é o que fazemos hoje. O cinema indiano completa cem anos e prestamos homenagem a ele", declarou Zoya Akhtar, que dirigiu o filme ao lado de Karan Johar, Anurag Kashyap e Dibakar Banerjee. A exibição inclui uma breve aparição do astro do cinema: Amitabh Bachchan. Quanto à música tema também faza outras estrelas.
O filme será exibido na Croisette, no Festival de Cannes (11 a 22 de maio), quando a Índia será homenageada nesta 66º edição. "Os quatro curtas-metragens evocam a paixão pelo cinema e incluem elementos tais como teatro, dança e entretenimento. Todos estes ingredientes fazem parte de nossos filmes e nossa cultura", ressalta a co-produtora Ashi Dua.
O lançamento de 'Bombay Talkies' coincide com o exato dia do centenário do nascimento de Bollywood: 3 de maio de 1913. A primeira produção foi de Dhundiraj Govind Phalke, que adaptou 'O Mahabharata', um épico sânscrito da mitologia Hindu. Seu filme 'Raja Harishchandra' foi um grande sucesso, mesmo com os personagens femininos sendo interpretados por homens, por questões sexistas. Ele marca, sobretudo, o início da indústria cinematográfica mais dinâmica do mundo, que no ano passado produziu nada menos que 1.500 filmes em várias línguas faladas na Índia.
Enquanto 'Bombay Talkies' explora a vida de hoje, o segundo filme a ser exibido nesta sexta-feira, 'Man Celluloid', presta uma homenagem ao fundador do Arquivo Nacional Cinematográfico, P.K. Nair. O documentário, até então exibido apenas em festivais, retrata a dedicação de Nair para com a preservação de filmes que remonta à era do cinema mudo. Graças a este homem de 80 anos, nove filmes mudos - um total de 1.700 - produzidos na Índia foram preservados. "Cerca de 70% dos filmes produzidos antes de 1950 foram perdidos, incluindo algumas joias como o primeiro filme falado", explica P.K. Nair à AFP, referindo-se ao filme de 1931 "Alam Ara" (Luz do Mundo).
Bollywood nunca esteve tão bem: a indústria cinematográfica deve arrecadar 3,6 bilhões de dólares daqui a cinco anos, contra os 2 bilhões de hoje, segundo dados KPMG.