Cinco anos atrás, Tony Stark era “apenas” um milionário excêntrico. Hoje, tão ou mais rico do que no passado, carrega outros predicados: é também super-herói, ególatra e filantropo como antes, só que vive quase como eremita. Sem precisar se preocupar com o que se passa na Stark Industries, sob a responsabilidade de sua namorada, Pepper Potts, passa seus dias fechado em sua mansão de Malibu, aprimorando sua mais incrível criação: a armadura que o transforma no Homem de Ferro.
Confira os horários das sessões
Só que nada é como antes, o mundo (bem, os Estados Unidos) volta a enfrentar nova ameaça e Stark vai ter que deixar a clausura para defender a população. 'Homem de ferro 3', que chega nesta sexta-feira aos cinemas de todo o país, encerra a trilogia do mais bem-sucedido herói Marvel com boa dose de realismo. E outro tanto de pura fantasia.
Falar em fim é pura retórica, já que o personagem volta para a segunda aventura de 'Avengers – Os Vingadores' (com filmagem em 2014 e estreia no ano seguinte) e em entrevistas recentes Robert Downey Jr. não nega nem confirma um quarto filme da série (a resposta tem se limitado a um lacônico “Eu não sei”). Mesmo assim, o terceiro longa, agora dirigido por Shane Black (roteirista criador da série 'Máquina mortífera') tem fim redondo. Se vier um próximo, será bem-vindo. Se não, a trilogia encerra com todas as pontas fechadas.
Stark não poderia voltar à cena depois de lidar com alienígenas de Vingadores como antes. Está mais humano – tanto que aparece com armadura do Homem de Ferro menos vezes do que nas sequências anteriores. Mais questionador, sofre com constantes ataques de ansiedade. Seu inimigo, desta vez, é bem deste planeta. O tom político, antes apenas pano de fundo, vem para o centro da história. O que detona a narrativa é, com o perdão do trocadilho, uma série de explosões. Quem aparentemente está por trás delas é um terrorista.
Numa operação midiática – todas as TVs são invadidas por uma mesma imagem – Mandarim (Ben Kingsley, que garante alguns dos grandes momentos do filme) mostra ao mundo a sua mensagem. Lembra aos EUA que a razão de seu ódio passa por favorecimentos ilícitos, descaso com outras nações, questões ambientais mal resolvidas, entre outros problemas. Até então de fora, Stark se envolve pessoalmente com o líder terrorista quando seu fiel escudeiro, Happy (Jon Favreau, diretor dos filmes anteriores, agora um dos produtores executivos), é quase explodido num dos atos terroristas.
PERSONA Um gênio do mal que foi ignorado por Stark no passado e que atua em nanotecnologia, o governo norte-americano e uma série de Homens de Ferro comandados remotamente se envolvem em batalhas fantásticas, mera desculpa para cenas de ação indispensáveis em filmes do gênero (trazem alguns furos, mas dá para fazer vista grossa). Dessa vez, o 3D é uma opção. Nem pense duas vezes: assista numa sala em 2D e guarde a diferença do valor do ingresso para a pipoca, já que o filme foi apenas convertido para 3D, o que não acrescenta muito à exibição.
Pois o que faz a graça do personagem é justamente a persona criada com maestria por Downey Jr. O ator, ex-encrenqueiro profissional, viu sua estrela voltar a brilhar graças ao herói Marvel. Hoje campeão de cachês – recebeu US$ 50 milhões por 'Avengers' –, fica atrás apenas de Tom Cruise na lista dos salários milionários do cinema. Foi depois de Stark, que traz um passado de abusos com pontos em comum com o do próprio ator, que Downey Jr. encarnou Sherlock Holmes em dois filmes e deu brilho à comédia 'Um parto de viagem'.
Aqui, os diálogos continuam certeiros, seja com personagens de pele e osso (a namorada Pepper Potts de Gwyneth Paltrow ou o amigo James Rhodes de Don Cheadle), ou o fiel companheiro-máquina Jarvis. As melhores tiradas, no entanto, são de um novo personagem, o garoto Harley (Ty Simpkins), que ajuda Starks em seu pior momento. O embate entre os dois é impagável, e geralmente o menino leva a melhor. Com diálogos rápidos, alguns sustos, boa dose de inverosimilhança e uma despretensão total, esse terceiro Homem de Ferro faz jus aos filmes anteriores – principalmente o primeiro, ainda o melhor deles.
Saiba mais
CINQUENTÃO ENXUTO
No mês passado o Homem de Ferro completou 50 anos. Quando ele nasceu, a editora norte-americana de HQs, desde 2009 pertencente à Disney, já era a líder de vendas. Em seu quadro de super-heróis também estão o Homem-Aranha, Demolidor e o Justiceiro, além d’Os Vingadores, grupo formado pelo Homem de Ferro, Thor, Hulk, Capitão América e Viúva Negra. Depois desse terceiro filme, o próximo longa com um Avenger será 'Thor: O mundo sombrio'. A sequência, com estreia prevista em novembro, será dirigida por Alan Taylor e levará o deus vivido por Chris Hemsworth para outros mundos.
Já em 2014 é o Capitão América de Chris Evans que protagoniza um segundo longa-metragem.
* Tal como Hitchcock, Stan Lee, criador da Marvel Comics, faz uma pequena participação nos filmes de seus super-heróis. Neste, o também produtor-executivo, do alto de seus 90 anos, aparece como um jurado do concurso de Miss Chattanooga.
* Assim como nos filmes anteriores, quando o filme acabar e começarem os intermináveis créditos, não saia da sala. Uma cena curta traz Tony Stark com um dos outros Avengers. Não acrescenta nada à narrativa, mas é divertida pacas.
* Série-sensação da TV britânica, 'Downton Abbey' é ambientada na Inglaterra no início do século 20. A narrativa trata da vida de uma aristocrática família e seu enorme grupo de criados. Happy (Jon Favreau), o boa-praça chefe de segurança e melhor amigo de Tony Stark, é absolutamente fascinado pela história, que ganha duas cenas no filme.
* Até então em modelitos meio comportados, a doce Pepper Potts sofre uma reviravolta e tanto na sequência final. Adepta do culto ao corpo, Gwyneth Paltrow pôde colocar à prova o resultado da malhação a que se dedica há anos. Stark, quando vê a eterna namorada em trajes sumários, não deixa escapar um elogio: “Você bem que poderia usar essas roupas em casa”.
Assista ao trailer do filme: