Quando afirma que já assistiu a 33 mil filmes, o crítico Rubens Ewald Filho está falando sério. Ele anota em cadernos, desde os 10 anos, todas as produções a que assiste. Contabiliza 20 e poucos volumes desses escritos. “Engraçado que desde criança eu trabalhava no que viria a ser minha carreira, pois, aos 14, criei um prêmio, como o Oscar, para os filmes que tinha visto”, conta. Veterano da premiação máxima do cinema, nesta noite, no TNT, apresenta pela 25ª vez (oitava pelo canal pago) a cerimônia da Academia de Hollywood. “Este ano, está um pouco previsível demais. Já sabemos que Anne Hathaway deve ganhar o Oscar de atriz coadjuvante, Daniel Day-Lewis o de ator. O filme do Ben Affleck (Argo) também deve ganhar. O de diretor é que está em aberto, não dá para saber.” O que também não dá para saber, mesmo com toda a experiência, é o que ocorre durante a transmissão, mesmo com todos os preparativos.
Como é feita a transmissão hoje em dia?
Fazer diretamente dos Estados Unidos foi muita diferença porque você está num estúdio ouvindo e também vendo tudo de lá. Um problema é que o roteiro não vem completo, mas em comparação com o que vem para o Brasil quando se transmite daqui, tem umas páginas a mais. Você tem que assinar um termo de confidencialidade, para ninguém furar. No ano passado, por exemplo, eu tinha a lista de apresentadores, mas não quem ia entregar o quê. Então tinha que ficar de olho pois uma loira pode parecer ruiva aqui. Então tudo acaba sendo um ‘‘adivinhômetro’’. Normalmente, eu e a Regina (McCarthy, que faz a tradução simultânea) sentamos dois dias antes e preparamos tudo. Passo com ela os títulos do filme em português, dou dicas de quem é casado com quem, se ganhar quem vai citar no agradecimento... Numa sala ao lado fica uma produtora conduzindo a transmissão, que acompanho com um microfone no ouvido. Basicamente, somos nós três.
Você já deve ter passado por poucas e boas em tantos anos de Oscar, não?
Na verdade, o formato de transmissão ao vivo foi criado pelo SBT. Foi uma resposta à Globo, que até então fazia uma exibição absolutamente fria. O SBT colocou apresentador, me pôs de smoking, fez chamadas... O problema era que o apresentador era sempre alguém contratado do SBT. Quando era a Marília Gabriela, ótimo, pois ela sabia tudo de cinema. Só que às vezes o apresentador não sabia nada. Mas ele era o astro do canal. O Eliakim Araújo, depois foi até morar nos Estados Unidos, mas antes não falava inglês direito, não via um filme. Era uma luta fazer uma transmissão assim. Tem até um fora que a história não registrou... Ele disse: “O Oscar são 24 centímetros só de prazer!”. Depois olhou pra mim e disse: ‘O que eu falei?’
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