Cinema

Diretor palestino indicado ao Oscar é preso ao desembarcar em aeroporto de Los Angeles

Emad Burnat, candidato à estatueta por 'Five broken camaras', diz que agentes de segurança duvidaram que um palestino pudesse concorrer ao Prêmio da Academia

AFP

Cineasta ressaltou que sua detenção "é um fato cotidiano para os palestinos"
O diretor de cinema palestino Emad Burnat foi detido no aeroporto de Los Angeles, onde desembarcou para assistir no domingo a entrega do Oscar, para o qual seu último filme foi indicado. A prisão foi noticiada pelo cineasta Michael Moore.

 

Burnat, co-diretor com o israelense Guy Davidi de 'Five broken camaras', indicado ao prêmio de Melhor Filme Documentário na 85ª edição dos Prêmios da Academia, ficou detido durante uma hora e meia em uma área de espera do aeroporto LAX de Los Angeles, junto com sua esposa e seu filho de oito anos, segundo Moore.


"Apesar de ter apresentado o convite para a cerimônia do Oscar, isso não foi suficiente para as autoridades, que o ameaçaram de enviar de volta à Palestina", disse Moore em seu Twitter ao relatar o incidente que ocorreu na noite de terça-feira, 19.

"Os agentes de Imigração e Alfândega não puderam entender como um palestino poderia ter sido indicado ao Oscar. Emad me enviou uma mensagem pedindo ajuda", acrescentou. Moore, um conhecido ativista, acrescentou que o cineasta palestino "tinha certeza de que ele seria deportado", concluiu o cineasta.

O cineasta palestino referiu-se ao incidente como um acontecimento "desagradável". "Ontem à noite, em minha viagem da Turquia para Los Angeles, minha família e eu fomos detidos por funcionários de imigração durante aproximadamente uma hora e interrogados sobre o propósito da minha visita aos Estados Unidos", disse Burnat através de um comunicado.

Os funcionários da imigração queriam provas de que Emad Burnat havia sido indicado a um prêmio da Academia "e me disseram que se não pudesse provar o motivo da minha visita, minha esposa, Soraya, meu filho Gibreel e eu seríamos enviados de volta à Turquia no mesmo dia".

"Depois de 40 minutos de perguntas e respostas, Gibreel me perguntou porque ainda estávamos esperando neste pequeno quarto. Simplesmente, disse a ele a verdade: 'Talvez tenhamos que voltar. Pude ver a aflição em seu coração", contou o diretor.

Em seguida, acrescentou, "embora esta tenha sido uma experiência desagradável, este é um fato cotidiano para os palestinos, todos os dias, em toda a Cisjordânia". Há mais de 500 postos de controle israelenses, bloqueios de rodovias e outras barreiras à circulação em nossa terra e não há nenhum de nós que tenha se livrado da experiência que eu e minha família vivemos ontem", emendou.

"O que ocorreu conosco é um exemplo muito pequeno do que meu povo enfrenta a cada dia", acrescentou Burnat.

Um porta-voz do Departamento de Alfândega e Proteção Fronteiriça dos Estados Unidos (CBP) disse que não podia comentar casos individuais devido a leis de privacidade.

Mas em um comunicado, a agência informou que a CBP "se esforça por tratar todos os passageiros com respeito e de forma profissional, mantendo o foco em nossa missão de proteger todos os cidadãos e visitantes dos Estados Unidos".

Moore, que conquistou o Oscar de Melhor Filme Documentário em 2003 por 'Tiros em Columbine', sobre o controle das armas de fogo, afirmou que entrou em contato com funcionários da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que consultaram seus advogados.

"Depois de uma hora e meia, decidiram deixá-lo em liberdade", afirmou Moore. O porta-voz do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, Jaime Ruiz, disse que a agência irá emitir uma declaração sobre o incidente, mas não fez nenhum comentário adicional, quando contactado pela AFP.