Por pouco, um grupo de privilegiados não domina por completo o Oscar deste ano. Não fossem as presenças de seis estreantes no meio de 25 nomes de atores e diretores, toda a disputa recairia sobre 19 profissionais com a incrível marca, acumulada, de 66 indicações ao longo da carreira. Para melhor ilustrar esse domínio dos tarimbados, é só atentar para os atores e atrizes coadjuvantes: todos os dez já tiveram, ao menos, indicação em outro ano. Confira as peculiaridades deste time.
Duelo de gigantes
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Com as mesmas seis indicações de Michael Caine, Denzel Washington — vencedor (em 2002) com 'Dia de treinamento' — retorna com 'O voo'. Ele conduz trama de superação: contra o alcoolismo e a dependência de drogas. O irlandês Daniel Day-Lewis disputa de novo a estatueta, cinco anos após a premiada atuação em 'Sangue negro'. Popularizado justo com a estatueta por 'Meu pé esquerdo' (1990), refaz, em 'Lincoln', a aura do presidente, notável pela abolição da escravatura. Faturou o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do Sindicato dos Atores.
Pelas beiradas
Um grupo de candidatos a Oscar já pode, com serenidade, comemorar com o desgastado discurso “me sinto premiado apenas pela indicação”. Liderando a trupe, Naomi Watts, há dez anos da interpretação em '21 gramas', retorna com o drama 'O impossível', no qual ela é a razão de ser do filme que personaliza a tragédia do tsunami, na Ásia. No retrato de uma mãe-coragem, há dois anos, a atriz Jacki Weaver causou furor na lista de indicações pelo filme 'Reino animal'. Em 'O lado bom da vida', sob o comando do realizador alternativo David O. Russell ('O vencedor'), também candidato à estatueta, a aclamada atriz teatral dá as caras como uma desgastada mãezona, no reverso de 'Reino animal'.
Num relativo ostracismo — à exceção de 'Bobby' (2006) e de um título com Woody Allen, em 2001 —, a já premiada Helen Hunt (por 'Melhor é impossível') volta com boa energia para posição de destaque, em 'As sessões', contornando a tal maldição de alguns premiados com Oscar. Phillip Seymour Hoffman ('Capote') chega à quarta indicação, por 'O mestre', na sequência das distinções de coadjuvante, por 'Jogos do poder' (2008) e 'Dúvida' (2009). Hoffman não se deixa ofuscar pelo ator central, Joaquin Phoenix, que volta ao páreo depois de indicado por 'Johnny e June' (2006) e 'Gladiador' (2001).
Em trajetória ascendente por 'Os miseráveis', Anne Hathaway celebra outra chance de Oscar, conquista quase sentida por 'O casamento de Rachel' (2009). Christoph Waltz, laureado pelo risível nazista de 'Bastardos inglórios' (2010), tenta o bicampeonato, como o libertador de escravos que quase protagoniza 'Django livre' (de Quentin Tarantino).