Um filme de diretor pouco conhecido tem feito sucesso por aqui: 'João e Maria – Caçadores de bruxas', de Tommy Wirkola. A trama é inspirada na história de dois irmãos abandonados na floresta pelos pais. A dupla reaparece, 15 anos depois de se livrar de uma bruxa canibal – aquela que morava na casa de doces, lembra-se?. Adultos, eles se tornam implacáveis caçadores de feiticeiras. Com muita ação, sangue espirrando em todas as direções (em 3D) e estética heavy metal, esse filme caiu no gosto de jovens cinéfilos, tanto que eles o recomendam para todos. Vale a pena ser corajoso e aceitar o convite. Depois do susto dos primeiros 30 minutos, o que se vê é uma obra surpreendente.
'João e Maria...' tem cenas fortes e é indicado para maiores de 16 anos. O aviso vem de Nathália Santos, que foi assistir ao filme incentivada por amigas e ainda levou Bárbara Eleutério, Bárbara Gabriela e Letícia Otávia, todas na faixa de 20 anos. Nathália adorou: “Gosto de filmes de terror e de ação”. Não se incomodou com a violência, inclusive entre mulheres. “São bruxas horrorosas, muito más, mereciam o que receberam”, garante.
Bárbara Eleutério afirma que o filme, desenvolvido a partir de uma boa ideia, foi bem realizado. “Maria é muito determinada, tanto quando procura conhecer a história dela como nas decisões que toma”, elogia.
Para Letícia Otávia, colaboraram para a criação dessa obra especial a ótima caracterização das bruxas e os efeitos especiais, que surgem na tela de forma muito original. “Tudo está bem colocado”, afirma, com a concordância das amigas. Ela elogia também a interpretação dos atores, personagens, trilha sonora e cenários. “João e Maria... só não é mais perfeito do que Amanhecer 2”, observa, marota, Bárbara Gabriela. O filme de vampiros, diz ela, é melhor num quesito: tem atores bonitos e em maior quantidade. Mas também gostou da história dos órfãos vingadores. Todas as garotas entrevistadas acreditam que o filme terá continuação.
Luiz Guilherme, de 18 anos, foi ver João e Maria... com o amigo Eduardo Vinícius, de 17. “É demais. Filme bem bolado e bem realizado”, afirmou, ao sair da sala. “História, figurinos e armas são meio antigos, há os efeitos especiais, tudo é bem feito”, analisa. “Ficou muito interessante. Puxaram a história para o contexto adulto”, elogiou Eduardo, considerando que o último aspecto deu outra dimensão à trama. Ponto forte da obra, para Eduardo, é o fato de ser um conto sobre jovens criados sem família, em busca de sua história pessoal. O rapaz gostou também da pancadaria que rola na tela. “Nunca entre em casa de estranhos nem acredite em gente que parece muito boazinha”, diz Eduardo, ao comentar a mensagem do longa.
Andressa Lopes, de 17 anos, sintetiza o filme em uma palavra: “Impressionante”. Para a adolescente, trata-se de uma versão “bem louca” da história de João e Maria. “Colocaram terror na trama e isso fez com que a fábula ficasse mais forte”, elogia. Um aspecto chamou a atenção dela: “Adorei a cumplicidade dos dois irmãos. Quebra aquela história de sempre, em que um é chato e o outro bacana”, conclui.
Visual feroz
Ao fazer estudos para o longa, o cineasta decidiu que faria uma obra visualmente feroz, com algum humor, cheia de ação e voltada para público do século 21. “E também fiel ao espírito da lenda original, com a vibração de conto de fadas combinada com o terror, a comédia e os efeitos especiais, coisas que adoro no cinema”, explicou.
CRÍTICA: Folclore heavy metal
Visual feroz
“A história de João e Maria é parte da minha vida, desde garoto. Tenho forte memória da minha infância, de quão escuro e macabro era esse conto. Perguntava-me o que aconteceria com os dois quando crescessem. Sempre achei que pelo ódio intenso que os irmãos sentiam pelas bruxas, os dois estavam fadados a se tornar grandes caçadores delas”, declarou o diretor Tommy Wirkola.
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O conto 'João e Maria – Caçadores de bruxas' foi publicado pela primeira vez em 1812. Veio do folclore alemão, recolhido pelos irmãos Grimm. “A aura horrível da história veio do texto original, mas a trouxe para o primeiro plano. Queríamos que as pessoas sentissem que a história ocorreu há 300 anos e, ao mesmo tempo, tivesse releitura moderna da ação, dos personagens e das armas”, explicou o cineasta.
Wirkola não abriu mão de rodar um filme que remetesse aos contos de fadas. “Foi uma maneira divertida de levar frescor ao mundo clássico”, garantiu. O objetivo era criar algo diferente dos filmes de ação convencionais, mas que fosse emocionante e divertido. Tommy Wirkola tem 33 anos e nasceu na Noruega. Já dirigiu 'Zumbis na neve' (2009) e 'Kill Buljo' (2007).
CRÍTICA: Folclore heavy metal
'João e Maria – Caçadores de bruxas' é mesmo assustador, terrível, perturbador. Mas também fascinante, sábio e eletrizante. E, nesse sentido, fiel a certa rudeza dos antigos contos de fadas, todos marcantes pela mistura de belezas e horrores. Restaurar esse aspecto é o que faz do filme de Tommy Wirkola algo surpreendente. Trata-se de mergulho visceral no universo em que humanos e criaturas sobrenaturais (há tipos que são cruzamento dos dois) medem forças para fazer, radicalmente, sem “culpa” ou desculpas, o bem e o mal. As ações, apresentadas de forma crua sem muitas nuances ou intelectualização, têm peso e consequência, mas o julgamento delas fica por conta do público.
O diretor revela habilidade ao evitar o enfrentamento direto com um clássico. A história se passa quando os personagens já são adultos. Wirkola também não deixou que efeitos especiais (sensacionais, como bruxas voando em vassouras) sufocassem a forma da trama. Acertou em ambientar tudo em cenários que mexem com a memória, mas não se atêm a tempo ou lugar específico. O impacto de 'João e Maria...' vem, ainda, de um elemento que pode parecer inacreditável: é folclore universal (nas palavras do diretor), mas com estética heavy metal, temperado com doses de gótico, trash e futurismo.
Assista ao trailer de 'João e Maria - caçadores de bruxas':