O cineasta japonês Nagisa Oshima, de 80 anos, morreu nesta terça-feira, 15, vítima de pneumonia, em um hospital de Kanagawa, ao sul de Tóquio. Conhecido como diretor do clássico erótico O império dos sentidos (1976), ele assinou cerca de 50 trabalhos ao longo de quatro décadas.
Seu primeiro filme, o curta Asu no taiyô, é de 1959; o último, o longa Tabu, de 1999. Em 1996, o diretor japonês sofreu derrame, que o obrigou a enfrentar longo período de reabilitação.
Censurado no Japão e rejeitado no Festival de Cinema de Nova York, O império dos sentidos conquistou amplo reconhecimento internacional.
O filme conta a história de amor obsessivo entre uma ex-prostituta e o senhorio da propriedade onde ela trabalha como criada. O que começa como diversão se transforma em paixão sem limites.
Inspirado em um caso real, o longa-metragem traz cenas antológicas. Uma delas foi alvo de muita polêmica: um ovo cozido é introduzido no corpo da protagonista, que depois o coloca na boca de seu amante.
Dois anos depois de O império dos sentidos, Oshima lançou O império da paixão, que lhe garantiu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes. Essa produção traz o sexo como elemento dominante, embora com cenas menos ousadas. Em 1983, Oshima dirigiu seu único longa em inglês, Furyo – Em nome da honra, que traz no elenco os músicos David Bowie e Ryuichi Sakamoto. O filme conta a saga de prisioneiros num campo de concentração japonês.
Onda
Um dos diretores mais controversos de seu país, Oshima foi importante realizador ligado à nova onda japonesa, na década de 1960. Nascido em Kyoto, em 1932, o rapaz de família aristocrática logo se interessou pelas causas políticas. Formou-se em direito em 1954, especializando-se na Revolução Soviética.
Em reação ao estilo humanista de colegas como Yasujiro Ozu e Akira Kurosawa, Oshima buscou, no primeiro momento, retratar contradições e tensões da sociedade japonesa do pós-guerra. Sua filmografia busca expor o materialismo contemporâneo, além de investigar o que significa ser japonês em face à rápida industrialização e ocidentalização do Oriente.
Oshima foi diretor prolífico na telinha e produziu uma série de documentários para a TV japonesa. No segundo semestre, o cineasta deve ganhar retrospectiva no Festival de Internacional de Cinema de San Sebastián, na Espanha.