O diretor britânico Tony Scott, de 68 anos, irmão mais novo do cineasta Ridley Scott, morreu no domingo, 19, aos 68 anos, depois de pular de uma ponte em San Pedro, cidade portuária de Los Angeles. Um bilhete foi encontrado em seu carro, estacionado na pista, mas seu conteúdo não foi revelado. Uma carta de despedida foi encontrada em seu escritório. Scott conquistou a fama e consagrou o ator Tom Cruise como símbolo sexual com Top gun – Ases indomáveis (1986), êxito comercial de uma carreira dedicada principalmente aos filmes de ação.
O britânico, que também era produtor e morava em Beverly Hills, tinha diversos filmes no currículo, incluindo Inimigo do Estado (1998), Um tira da pesada 2 (1987) e Fome de viver (1983), embora nunca tivesse alcançado a mesma fama de Ridley Scott, diretor de Blade runner – O caçador de androides (1982) e O gladiador (2000), vencedor de cinco Oscars.
Os dois eram parceiros na produtora Scott Free Productions, responsável pela ficção científica Prometheus (2012) e pela minissérie inédita Coma, suspense médico de quatro horas, que estreia no mês que vem nos EUA. A produtora também é responsável pelas séries Numb3rs e The good wife, além da adaptação para o cinema do antigo seriado Esquadrão classe A (2010). Recentemente, como produtor, ele trabalhava na pós-produção de Out of the furnace, um drama com Christian Bale, e Stoker, com Nicole Kidman, ambos com estreia prevista para 2013.
De acordo com autoridades de San Pedro, Scott pulou da ponte Vincent Thomas, depois de abandonar seu Toyota Prius na pista, por volta das 13h (17h em Brasília). Escalou uma cerca de três metros da ponte e pulou sem hesitar, segundo relato de testemunhas. Seus sapatos podiam ser vistos boiando na água, enquanto mergulhadores ficaram mais de três horas até encontrar o corpo.
Diversos amigos e colegas fizeram homenagens ao diretor com mensagens deixadas no Twitter. "Tony era um homem verdadeiramente encantador, que me acolheu sob sua asa e me ensinou a ter paixão por fazer filmes", escreveu Duncan Jones, de Lunar (2009). "Nunca mais filmes de Tony Scott. Que dia trágico", escreveu Ron Howard, diretor de Uma mente brilhante (2001).
A carreira Tony Scott nasceu no Norte da Inglaterra, numa família da classe trabalhadora. Tinha dois irmãos e foi casado três vezes. Deixa a mulher Donna Wilson e dois filhos gêmeos. Depois de estudar artes gráficas em Londres e de aprender a utilizar as câmeras na área de publicidade ao lado do irmão sete anos mais velho, Tony Scott dirigiu o primeiro longa-metragem, Fome de viver, em 1983.
O filme de vampiros, com um elenco impressionante – Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon –, não foi sucesso comercial e deixou a aprovação da crítica para o irmão Ridley, que já tinha dois filmes cultuados no currículo, Alien (1979) e Blade runner (1982). Com o passar dos anos, no entanto, Fome de viver também passou a ser considerado um cult.
Três anos mais tarde, o diretor conseguiu um grande sucesso comercial com Top gun, que arrecadou US$ 345 milhões em todo o mundo. Apenas na América do Norte, a arrecadação chegou a US$ 176 milhões. Tony provou que também tinha seu valor e consolidou definitivamente Tom Cruise como um dos grandes astros de Hollywood, depois de seu papel como piloto da Força Aérea dos Estados Unidos.
Os dois retomaram a parceria quatro anos mais tarde com Dias de trovão (1990), no qual o ator troca os caças por um stock-car e as pistas de corrida. Os dois filmes foram produzidos por Jerry Bruckheimer, na época o rei do cinema de ação de grande orçamento, com quem Tony Scott também rodou Um tira da pesada 2 (1987), Maré vermelha (1995) e Inimigo do Estado (1998).
Assinatura
Com uma câmera nervosa, Tony Scott foi ao longo da carreira um diretor de filmes de ação, protagonizados por astros de Hollywood: Kevin Costner em Revenge – A vingança (1990); Bruce Willis em O último Boy Scout (1991); Robert De Niro em Estranha obsessão (1996); e Robert Redford e Brad Pitt em Jogo de espiões (2001). Também era conhecido pelo estilo de edição rápida e pelos efeitos digitais que usava.
Nos anos 2000, Denzel Washington, com quem já havia trabalhado em Maré vermelha, virou o ator preferido de Scott. A parceria foi vista em Chamas da vingança (2004), Déjà vu (2006), O sequestro do metrô 123 (2009) e Incontrolável (2010), o último filme de Tony Scott como diretor.
Apesar de ter trabalhado para os grandes estúdios com roteiros menos ambiciosos que os escolhidos pelo irmão, Tony tinha a mesma inclinação pelo cinema independente e os projetos autorais que Ridley. Em 1993, dirigiu Amor à queima- roupa, com Christian Slater e Patricia Arquette, baseado em roteiro de Quentin Tarantino, que reservou um agradecimento a Tony Scott nos créditos de Cães de aluguel.
Como produtor, apoiou filmes de baixo orçamento como Corações perdidos (2010) ou Cyrus (2010). Também produziu Prometheus, o filme mais recente de ficção científica do irmão, com quem também desenvolveu as séries de televisão de sucesso The good wife e Numb3rs para o canal CBS. Incansável como Ridley Scott, o cineasta tinha mais de 30 projetos na fila, para dirigir ou produzir, entre eles Top gun 2, no qual Tom Cruise retomaria o papel original. Apesar de ter rodado vários sucessos, poucas vezes a crítica foi favorável aos seus filmes e ele nunca foi indicado ao Oscar.
Principais filmes
Fome de viver (1982)
Top gun – Ases indomáveis (1986)
Um tira da pesada 2 (1987)
Revenge – A vingança (1990)
Dias de trovão (1990)
O último Boy Scout (1991)
Amor à queima roupa (1993)
Maré vermelha (1995)
Estranha obsessão (1996)
Inimigo do Estado (1998)
Jogo de espiões (2001)
Chamas da vingança (2004)
Domino – A caçadora de recompensas (2005)
Déjà vu (2006)
O sequestro do metrô 123 (2009)
Incontrolável (2010)