Muita gente havia deixado a sala, durante a exibição de Planeta Caracol, no CineSesc, mas sábado à noite, na sala da Rua Augusta, o júri do É Tudo Verdade fez justiça ao belo documentário do chileno Yi Segung-jun e lhe conferiu o prêmio de melhor da competição internacional. Planeta Caracol é sobre um cego e surdo e a mulher que o guia em sua escuridão (mas ele também a completa, numa reciprocidade comovente). O júri internacional considerou o curta Vovós, de Afarin Eshbal, o melhor da categoria. As vovós são as abuelas da Plaza de Mayo e a iraniano/britânica Afarin, que nem fala espanhol, disse numa mensagem ao Festival de Documentários que o que lhe interessou foi o exemplo dessas guerreiras que nunca deixaram de lutar pela verdade na investigação de crimes cometidos pela ditadura militar argentina - um tema de atualidade muito forte no Brasil.
Houve uma rara unanimidade de crítica e júri oficial na competição brasileira. Pela primeira vez, a Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, formada no ano passado, ligou-se ao É Tudo Verdade, premiando o curta A Cidade, de Liliane Sulzbach, e o longa Mr. Sganzerla - Os Signos da Luz, de Joel Pizzini, como melhores da competição nacional. O júri composto por Zelito Viana, Miriam Chnaiderman e Rodrigo Siqueira confirmou Mr. Sganzerla como melhor longa da competição brasileira, atribuindo uma menção honrosa a A Cidade. O curta vencedor foi Ser Tão Cinzento, de Henrique Dantas. A Cidade recebeu mais dois prêmios - foi o melhor curta para a ABD, Associação Brasileira de Documentaristas, e recebeu o prêmio aquisição do Canal Brasil.
A premiação virou festa em família. Joel Pizzini, a mulher, Paloma Rocha, e a sogra, Helena Ignez, viúva do autor de O Bandido da Luz Vermelha, subiram ao pódio e Helena anunciou que no dia 4 de maio estreia Luz nas Trevas, que fez (em parceria com Ícaro Martins) a partir do roteiro de Sganzerla. Também em maio, mais para o fim do mês, estará estreando Signos da Luz.