Ryan Gosling interpreta mecânico e dublê de cinema

Confira a crítica do filme Drive

por Estado de Minas 11/03/2012 09:31

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Imagem Filmes/divulgação
(foto: Imagem Filmes/divulgação)
O cara é um mistério, difícil decifrá-lo. Nem o nome dele você vai ficar sabendo, mesmo depois dos 100 (bem filmados) minutos de Drive. Reservado, há poucos momentos em que lacrimeja. Noutros, também raros, deixa escapar leve sorriso. Algumas vezes se solta em violência insana. E é capaz de esbofetear alguém até o sangue jorrar na própria cara, ou lambuzar uma esquisita jaqueta branca acetinada. Driver, personagem de Ryan Gosling, é mecânico e dublê de cinema que, nas horas vagas, transporta gente que precisa sair correndo de determinada situação. Ele não é o único a causar estranheza no filme do dinamarquês Nicolas Winding. Há, acima de tudo e da própria interpretação (impecável) de Gosling, um filme de ação que não se encaixa nos padrões. Estão lá os principais elementos do gênero: carros voando, sangue espirrando, balas, facas, ex-presidiários, mafiosos, mulheres nuas, mocinha e até uma criança. Mas, por trás de tudo e amarrando a trama, algo fora do comum em obras do tipo: o tempo. Drive não usa e abusa do clima alucinante. Tem rotação diferenciada. Não quer tirar o fôlego do espectador. Quer muito mais. Há certo pessimismo e melancolia no longa de Winding, que parece dizer: não tem jeito, a violência vai vencer o amor, a humanidade... tudo. Daí a imensa solidão de Driver, um homem que se dá muito (poucos são capazes de tanto por alguém) sem revelar emoções. De onde ele vem? Pra onde vai? O que o deixou assim? Filme de ação com conteúdo, provocações. Caso raro. Roteiro e montagem em equação equilibrada, temperada por trilha sonora genial. O responsável (interpreta 14 das 19 músicas) é Cliff Martinez, ex-baterista do Red Hot Chili Peppers. Música e longos silêncios nos conduzem pela misteriosa estrada do mecânico e dublê, que, ironicamente, vive a dor de mocinhos e bandidos do cinema. Apenas passamos por um momento na vida daquele cara que entra mudo, sai calado. E deixa reflexões tipo: a violência vai vencer o homem?

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