A tecnologia 3D faz bem a Resident evil 4: Recomeço. O filme tem muitas imagens magníficas, algo raro nas narrativas que juntam ação, suspense e uma pitada de terror, frequentemente mais preocupadas com o impacto dos efeitos que com a beleza visual. E as tais imagens magníficas, em geral, brotam exatamente do diálogo entre o que mostram, a maneira como enquadram e a sensação de profundidade que a nova tecnologia produz. São, geralmente, imagens perturbadoras, absurdas, em contraste com o uso mais comum do 3D (também presente no filme), de potencializar o susto. Essa sofisticação visual é o maior mérito de Resident evil 4, e graças a ela o filme não faz feio frente à obra que lhe deu origem.
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Resident evil 4 tem direção de Paul W. S. Anderson, que não é cineasta de primeira linha mas já demonstrou competência na fusão de suspense, terror e ação no primeiro filme da série, realizado em 2002. Sintomaticamente, os dois capítulos seguintes (que ele não dirigiu) decepcionaram boa parte dos fãs. Apesar de Anderson ser roteirista de ambos, o trabalho bem comportado dos que assinaram a direção transformou as obras em filmes parecidos com todos os congêneres. E o primeiro Resident evil se tornou uma espécie de cult entre os fãs do cinema fantástico exatamente pela maneira singular com que radicalizava aquela fusão, comum entre as obras que pretendem representar um futuro apocalíptico, mas sempre diluída na ansiedade de adequar a produção a um gosto padrão.
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Outro elemento que dá força a Resident evil 4 é a presença de Milla Jovovic, que também protagonizou os outros filmes da série. Pode nunca ter sido boa intérprete, mas o carisma resultante da soma de beleza angelical, olhos selvagens e capacidade de executar ações continuamente despedaça corações. O fato de ela se dedicar com frequência ao filme de ação não é gratuito: há algo quase erótico em ver uma mulher belíssima como ela realizando ações que nosso imaginário preconeituoso geralmente associa aos homens – como lutar, sair atirando para todos os lados, enfrentar perigos com o peito aberto. As mulheres enxergam nela uma pessoa como gostariam de ser, capaz de tomar o próprio destino nas mãos; os homens têm delírios sexuais de quase inversão quando se imaginam submetidos a ela. E Milla está envelhecendo bem. O tempo a torna cada vez mais dura sem retirar-lhe a beleza – ou seja, ela tende a ser, nos próximos anos, cada vez mais adequada a papéis como a Alice de Resident evil 4.
Esses elementos tornam Resident evil 4 um filme singular. E nos ajudam a perdoar suas falhas. Ninguém vai se importar se algumas peripécias são completamente inverossímeis – afinal, com Milla Jovovich na frente, a gente não se preocupa com verossimilhança. Os excessos de sangue ou gosma já fazem parte da cultura do gênero, mesmo se afugentam os espectadores de estômago sensível. O epílogo descaradamente anuncia a vinda de um quinto episódio. Tudo isso já passou a fazer parte de um folclore, uma mitologia. E essa mitologia tem seus fãs, tão bons quanto os de gêneros supostamente mais sérios. Resident evil 4 vence porque leva ao extremo tal mitologia, e entende ao extremo a cabeça dos que gostam de filmes como este.
RESIDENT EVIL 4: RECOMEÇO -
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Resident Evil 4 - Sofisticação visual
Nova saga de Resident evil, Recomeço reúne suspense, ação e terror em imagens incríveis
por
Marcello Castilho Avellar
17/09/2010 07:00
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