A Disney passou uns anos meio sem rumo, incapaz de encontrar o que seria a receita adequada para retomar sua mais tradicional posição, a de produtora de entretenimento “para toda a família”. Nesse período, seus executivos perderam o rumo do filão mais antigo do estúdio, o filme de animação, a diversificação das atividades levou ao lançamento de obras mais adultas, e por aí vai, numa série de decisões que quase levaram à perda de uma das coisas mais preciosas que uma empresa de comunicação pode ter: sua identidade. Felizmente para os fãs da mais amada marca da indústria de entretenimento em todo o mundo, a maré pode ter revertido. O acordo com a Pixar renovou o setor de animação do conglomerado. E uma compreensão mais contemporânea da dinâmica da indústria, se não é capaz de restaurar as qualidades que o estúdio teve em seus anos de ouro, pelo menos está representando um novo rumo para ele: a conversa mais intensa entre o Disney Channel, voltado para a televisão, e as divisões dedicadas à produção para cinemas. Hannah Montana – O filme é o novo produto dessa sinergia.
Veja mais fotos de Hannah Montana - O Filme
A frequência com que o salto da TV para o cinema ocorre na Disney mostra que essa é uma política da empresa, e não apenas um evento de oportunismo circunstancial (como ocorreu, em outros estúdios, na adaptação para a tela grande de séries como Arquivo X, Perdidos no espaço ou Sex and the city). Recentemente, chegaram aos cinemas brasileiros outros produtos do mesmo filão, como Jonas Brothers 3D ou High school musical. Em comum com Hannah Montana, têm o fato de se destinarem ao público entre o fim da infância e a adolescência, origem na programação do Disney Channel, aceitarem a ideia de que um produto audiovisual pode ser lucrativo sem fingir que se destina a todos os segmentos do mercado: são filmes voltados para a moçada que tem como referência a TV, está começando a ir ao cinema sozinha mas pode, eventualmente, estar junto com os pais.
Saiba os horários e onde está passando o filme
Os mercados internacionais vêm se comportando de maneira diferenciada em relação a esses produtos. Em países como os Estados Unidos, onde a freqüência aos cinemas costuma ser função direta da presença de estrelas na tela grande, o resultado é excepcional. Em países como o Brasil, onde os astros de cinema e TV são os mesmos (de modo que o público não se acostumou a ir ao cinema por causa de uma estrela), são apenas medianos. Não importa muito: a tal sinergia acaba rendendo mesmo é num terceiro mercado, o de DVDs, onde as vendas disparam depois do lançamento dos filmes, independentemente do comportamento do público na relação entre televisão e salas de cinema – ou seja, a Disney fatura em qualquer cultura audiovisual.
De qualquer maneira, é fácil perceber que o estúdio está valorizando cada vez mais essa nova linha de produtos. Se o elenco principal de Hannah Montana foi importado da TV, a equipe encarregada da transposição para o cinema é mais confiável que seus correspondentes na telinha. O diretor Peter Chelson, por exemplo, realizou Vamos dançar?, adaptação sensível de um filme japonês sobre pessoas que se realizam no saudável ambiente da dança de salão (a adaptação foi produzida pela Miramax, ligada à Disney, que também distribuiu internacionalmente o filme).
Assista ao trailer de Hannah Montana - O Filme
Hannah Montana é aposta da Disney em produções da TV
12/06/2009 07:00
MAIS SOBRE CINEMA
veja mais
Publicidade