Garis desfilam no Bloco da Limpeza em BH na quarta-feira de cinzas

Durante os quatro dias de folia, foram coletadas 2 mil e 600 toneladas de lixo, sendo 38 toneladas de material reciclado

por Márcia Maria Cruz 06/03/2019 12:16

Sidney Lopes/EM/DA Press
Garis celebraram o carnaval na Avenida Afonso Pena (foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)


Além do confete, alegria e muito glitter, um mar de latinhas, garrafas de bebidas, plásticos, restos de fantasia tomou conta das ruas de Belo Horizonte nos quatro dias de folia. É bem provável que a maior parte dos cerca 5 milhões de foliões não tenha visto o rastro de sujeira deixado pela passagem dos cerca de 600 blocos em toda a cidade.

 

 

 



No entanto, o lixo não sumiu por um toque de mágica, embora possa parecer que sim para quem, ao chegar às 6h da manhã, não via nenhum vestígio de sujeira. No período da folia, foram coletadas 2 mil e 600 toneladas de lixo, sendo 38 toneladas de material reciclado. Em 2018, foram 1 mil e 500 toneladas de lixo recolhidas. A ação dos cerca de 1,3 mil garis foi bastante elogiada por foliões que curtiram o carnaval na capital mineira. Para serem incansáveis nos bastidores, os agentes urbanos abdicaram da folia, mas, neste quarta-feira de cinzas (6), colocaram o Bloco da Limpeza na rua, desfilando pela Avenida Afonso Pena, da Praça Sete até a sede da prefeitura. “O objetivo do cortejo do Bloco da Limpeza é apresentar para o cidadão a equipe que trabalhou durante o carnaval”, afirma a chefe do Departamento de Mobilização Social da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Ana Paula da Costa Assunção.

Sidney Lopes/EM/DA Press
(foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)


Capricharam nas alegorias e adereços e foram aplaudidos pela população também por essa evolução na avenida. Com óculos escuros brancos e o tradicional uniforme laranja, Diego de Jesus, de 24 anos, comemorava a possibilidade de ter integrado o bloco da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) como contratado temporário. “Não foi fácil. É um serviço cansativo, mas dá para suportar a carga horário. Fiz o meu melhor”, disse. A oportunidade de trabalhar depois de quatro anos desempregado foi comemorada. “Mudou a minha vida. Estava desempregado há quatro anos, agora tenho de onde tirar o meu pão de cada dia”, afirmou.

Sidney Lopes/EM/DA Press
(foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)


A evolução do Bloco da Limpeza, no desfile pela Avenida Afonso Pena, foi embalada pelo bloco Besta é tu e também pela Banda da Guarda Municipal. E os garis mostram que são bons tanto na varrição quanto no samba no pé. Como demonstrou Isaac Izidoro de Oliveira, de 27, que integrou a equipe 1 de limpeza da região da Savassi. “A gente fazia a varrição e a coleta. A gente encontra de tudo que se possa imaginar”, afirma.

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Thiago Viana, de 4 anos, pediu para os pais a roupa dos super-heróis preferidos, os garis (foto: Márcia Maria Cruz/EM/DA Press)
O Bloco da Limpeza já havia se apresentado em 1993 e 1994, mas ficou um tempo sem se desfila e retomou o cortejo neste ano. “O bloco resgata e homenageia os profissionais da limpeza. Volta o olhar para as pessoas que limpam a cidade”, afirma a diretora de operações da SLU, Andrea Froés. Ela destacou o envolvimento da população com os garis no trajeto do desfile, nesta quarta. Andrea destacou o aumento na quantidade de material reciclado recolhido, graças a atuação de 100 catadores de papel. Ela também lembrou que reduziu a quantidade de vidro recolhido, passando de de 24 toneladas no carnaval de 2018 para 16 toneladas neste ano.

SUPER-HERÓIS
Thiago Viana, de 4 anos, pediu para os pais a roupa dos super-heróis preferidos, os garis. O pequeno dançava animado no cortejo do Bloco da Limpeza, que desfilou pela Avenida Afonso Pena, da Praça Sete até a sede da prefeitura nesta quarta-feira de cinzas. "Não tem nenhuma influência nossa. Ele chama os garis de joias e adora brincar de gari", afirma a mãe do menino, a engenheira Rosilene Viana, que trabalha há 17 anos na Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).

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