A disputa pelo título do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro deve ser decidida, na tarde desta quarta-feira, 6, entre a emoção e a frieza dos quesitos - que são nove e não incluem o sentimento. Quatro escolas apresentaram desfiles plasticamente semelhantes - carros alegóricos e fantasias bem feitas, luxuosas e bem acabadas.
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Logo abaixo dessas quatro escolas, mas também com chances de título, estão a Vila Isabel e o Salgueiro. Ambas tiveram problemas com o cronômetro e podem perder pontos em harmonia e evolução. A escola do bairro de Noel Rosa fez excelente desfile no segundo dia, mas ultrapassou em um minuto o tempo máximo de exibição e automaticamente vai perder 0,1 ponto. O Salgueiro também fez um belo desfile, mas igualmente correu no final.
Em outro patamar, inferior, estão União da Ilha e Mocidade Independente de Padre Miguel, que fizeram bons desfiles, porém plasticamente menos impactantes. Praticamente no mesmo padrão, mas com enredos mais confusos e menos luxuosos figuram a Beija-Flor, atual campeã, e a Grande Rio, que ficou em penúltimo em 2018 e só não foi rebaixada porque as regras foram alteradas após a apuração.
Se não houver nova virada de mesa, como ocorreu nos dois anos anteriores (a mais recente por pressão da Grande Rio sobre a direção da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), desta vez duas escolas serão rebaixadas para a Série A, a segunda divisão do samba do Rio. Quatro agremiações correm esse risco em 2020: São Clemente, Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense e Paraíso do Tuiuti.
A São Clemente fez um desfile divertido, mas com fantasias e alegorias simples, mais típicas da Série A. Já o Império Serrano, que ficou em último em 2018 e só não caiu por ter sido beneficiada pela mudança de regulamento posterior ao desfile, repetiu basicamente os mesmos erros do ano passado. Descuidada em fantasias e alegorias, não conseguiu nem sequer manter totalmente aceso o luminoso com o nome da escola, em tripé logo no início do desfile: as três últimas letras estavam apagadas. Outros erros foram cometidos em harmonia e evolução.
A Imperatriz Leopoldinense teve problemas com carro alegórico. Assim como a Paraíso do Tuiuti - que desfilou cercada de expectativa, por ser a atual vice-campeã, mas teve dois carros com defeitos. Um deles teve que ser parcialmente desmontado a poucos metros da pista do sambódromo para que voltasse a andar.
Apuração
Ao todo, seis jurados avaliaram as escolas em cada um dos nove quesitos seguintes: Alegorias e Adereços, Bateria, Comissão de Frente, Enredo, Evolução, Fantasias, Harmonia, Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Samba-enredo.
Pouco antes do início da apuração, serão realizados dois sorteios. O primeiro vai definir os dois jurados cujo trabalho será descartado - eles terão exercido a função de reservas, trabalhando apenas para substituir alguém em caso de falta.
Durante a apuração serão lidas e consideradas apenas as notas dos quatro jurados titulares de cada quesito, e a menor será descartada. A pontuação máxima para cada escola será 270 pontos. No ano passado, a Beija-Flor foi campeã após perder apenas 0,4 ponto. Ela somou 269,6 pontos, apenas 0,1 ponto a mais que a vice Paraíso do Tuiuti. O Império Serrano, último colocado, recebeu 265,6 pontos.
O segundo sorteio realizado antes do desfile servirá para definir a ordem dos quesitos a serem apurados. Isso definirá também o primeiro critério de desempate, que será a maior nota no último quesito lido. Assim, se a última nota a ser lida for de bateria e duas escolas empatarem, aquela que tiver recebido maior nota (somando-se apenas as três válidas) no quesito bateria será campeã. Se a pontuação nesse quesito for igual, passa-se ao oitavo quesito lido, e ao sétimo e assim por diante. Se o empate persistir, o segundo critério de desempate será o maior número de notas dez, no total, também consideradas apenas as três notas válidas.