Gregos e italianos, ingleses e australianos, pernambucanos e gaúchos. No reino de Momo, todos falam a mesma língua (a alegria), escolhem a roupa que quiser (a fantasia) e tocam a vida conforme o ritmo (o samba, a marchinha, o axé e todos os outros que põem o folião para pular). No carnaval de Belo Horizonte, o mundo se encontrou nas esquinas da Savassi, do Centro e dos bairros. Acompanhada de amigos, a italiana Gloria Sacchi não se preocupou em esconder a origem europeia. Com bom humor, escreveu num papelão, pendurado no pescoço, a palavra “gringa” em verde e saiu por aí...
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Outro entusiasmado com a farra belo-horizontina foi o enfermeiro Mairos Frawzy, de 28, de Chipre, ilha próxima à Grécia e à Turquia. “As pessoas estão na rua dançando, bebendo, se divertindo. É uma das melhores experiências que já vivi na minha vida”, disse o jovem, vestido à moda dos gregos antigos.
Mairos veio a BH a convite de amigos que conheceu na Inglaterra. Ele já passou carnavais em Chipre, Grécia, Espanha e Reino Unido e quis repetir a dose na capital. “Quero vir de dois em dois anos, de três em três”, afirmou. Ele foi ontem ao desfile do Bloco Magnólia e, na segunda-feira, a farra foi no Bloco Seu Vizinho, no Aglomerado da Serra. No sábado, foi ao Então, Brilha!, no Centro.
As australianas Kate e Sally, ambas de 27, também vieram para o carnaval de BH a convite de um amigo mineiro que dividiu a casa com elas em Sidney. As duas passaram dois dias em São Paulo e chegaram na segunda para aproveitar a festa de rua na capital mineira. “Tem um festival na Austrália que nós amamos. O carnaval de BH é 10 vezes melhor”, afirmou Kate, sem economizar nos elogios ao carnaval.
PRA INGLÊS VER O inglês Matthew Rose, de 24, escolheu Belo Horizonte para passar o primeiro carnaval da vida. Natural da cidade de Hebden Bridge, na Inglaterra, aceitou o convite de um amigo mineiro, que conheceu no seu país. Embora Matthew tenha vivido no Rio de Janeiro (RJ), nos anos de 2015 e 2016, não vivenciou a folia carioca.
“É meu primeiro carnaval, então não tenho como comparar com outros, mas estou muito feliz de passá-lo aqui. Amei. O Rio é o mais famoso do mundo, mas é algo diferente passar aqui, em blocos alternativos e com um tom político”, afirmou Matthew Rose, que faz mestrado em história global.
A cada metro quadrado, era possível ouvir um sotaque do interior mineiro, uma palavra nordestina ou um som estrangeiro. “Sou gaúcho”, “sou de Pernambuco” ou “sou de Montes Claros, conhece?”. E, assim, a folia belo-horizontina foi ganhando um toque internacional, sem perder o mais importante: a alegria de brincar e pular ao som de todos os ritmos.