Com direito a casamento de verdade em cima do trio e um protesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o Juventude Bronzeada coloriu a Avenida Assis Chateaubriand nesta terça-feira de carnaval e levou alto astral a milhares de foliões no Bairro Floresta, Região Leste de Belo Horizonte. Sem patrocínio como outros dos grandes blocos, o grupo apostou em clássicos do axé, muito bem coreografados pela ala de dança, e no som de uma bateria que reúne percussionistas de todas as tribos carnavalescas de BH.
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A história dos noivos se confunde com a do bloco. Isabelle, que toca no Juventude desde o início, conheceu o Daniel em 2015 e os dois não se separaram. O pedido de casamento também foi no carnaval, no ano passado. A cerimônia foi celebrada pela amiga do casal Luiza Alana. "Nossa ideia desde o início era fazer o casamento aqui e dividir alegria com nossos amigos e foliões. Será um casamento do nosso jeito", disse o noivo.
Na sequência, a organizadora do Juve, Mariana Persi, fez discurso contra os “tempos sombrios” e falou das mortes da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, e de um jovem negro por um segurança de um supermercado. Segundo ela, o bloco não saiu este ano ano por causa das ameaças às minorias. “O que fez com que o Juventude quase não saísse esse ano foi o medo, com base nos episódios de intolerância que vimos despontar no último cortejo. Era o prenúncio do ódio que vimos crescer no último ano”, disse.
A música escolhida para começar foi “Fora da Ordem”. E não faltou engajamento nas causas. A puxadora fez questão de dar mais uma vez o recado contra o assédio, de que não é não.
Em outro momento, apesar de ter anunciado que evitaria falar especificamente do presidente, o bloco puxou um grito contra Bolsonaro. O regente da bateria, Rodrigo Boi, disse que o carnaval de BH começou preocupante com a postura de censura da PM aos blocos, que se mostrou desnecessária.
O músico reforçou que o grupo é contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e levanta bandeiras contra a homofobia machismo e o racismo, tudo que historicamente sempre defendeu. "Trazemos 'ele não' no nosso bloco mas não queremos falar o nome desta pessoa. E se alguém falar contra ele vamos gostar", disse.
O clima contra o presidente da República também contaminou o entorno do bloco e foi tema de um cartaz afixado na Avenida do Contorno que dizia “Me beija que eu não votei no Bozo”. Também teve folião fantasiado de paneleiro, em referência às eleições.
Também não faltou criatividade e empenho nas fantasias. A enfermeira Claudete Oliveira, de 32 anos, acordou às 6h para chegar à concentração do bloco Juventude Bronzeada, na Avenida Assis Chateaubriand, que começou às 9h. Hoje, ela veio vestida de borboleta azul, mas preparou quatro figurinos para os dias de folia, pensados desde o carnaval passado. As roupas foram confeccionadas por uma tia.
"Sou do Jequitinhonha, frequento o carnaval de Belo Horizonte desde o início. Passo o ano inteiro inteiro esperando por isso", contou, animada. Nos outros três dias de folia, Claudete saiu vestida de latina, mágica e cisne branco.