A segunda-feira de carnaval foi movimentada na capital mineira, que ouvi muito funk, axé e rock, entre outros ritmos. Mais uma vez, a festa foi de manifestação política. Em quase todos os blocos, foi possível ouvir protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Os gritos de “Ele não” foram escutados em quase todos os cantos de BH. O mandatário máximo da República, inclusive, foi chamado de miliciano pelos participantes do Bloco Unidos do Barro Preto.
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Baianas Ozadas supera dificuldades e leva mensagens de paz e inclusão a foliões
O rock nacional também movimentou os mineiros. O principal bloco foi o Putz Grilla, que estreou no carnaval de BH. Enaltecendo as músicas nacionais dos anos 1980, principalmente o rock, e fugindo dos tradicionais ritmos carnavalescos, o bloco conseguiu levar foliões de diversas gerações às ruas da Savassi.
O bloco iniciou o desfile na Rua Professor Moraes, entre a Avenida Getúlio Vargas e a Rua Cláudio Manoel, e foi até a Rua Alagoas. Durante o percurso, os foliões desceram a avenida entoando músicas de diversos cantores e bandas oitentistas como Cazuza, Blitz, Legião Urbana, Titãs, Biquini Cavadão, Capital Inicial, entre outras. Curiosamente, uma das músicas que mais levou os foliões ao delírio foi sucesso na década de 1990, Ana Júlia, interpretada pela banda Los Hermanos, em 1999.
O axé esteve por conta do Baianas Ozadas, um dos maiores blocos da capital mineira, que desfilou pela Avenida Afonso Pena com uma mensagem de paz e inclusão, e também homenageou as vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O bloco abriu o desfile com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da mineradora.
Milhares de foliões vestidos de branco e com colares baianos lotaram o Centro e seguiram o bloco cantando clássicos do axé. O Baianas estreou a música Tum Tum e homenageou o Olodum pelos seus 40 anos. Da lavagem da escadaria da Igreja São José, lembrando a tradição na Bahia em homenagem ao Senhor do Bonfim, à finalização na Praça da Estação, com a música Toda menina baiana, coreografada em libras, não faltou animação e muita disposição aos foliões.
Ao som do bloco Havayanas Usadas, a música latina ganhou espaço no carnaval de BH. Aos clássicos do axé antigo, foram acrescidos ao repertório sucessos da música latina, do reggaeton à cumbia. Cantores latinos também fizeram participações especiais, como a chilena Cláudia Manzo e o boliviano Carlos Bolívia, vocalista da Orquestra Atípica de Lhamas.
A bateria contou com 160 ritmistas e cada ala abordou um tema, sempre numa referência à América Latina. Um deles, por exemplo, "Ni una a menos", campanha argentina contra o feminicídio. As fantasias coloridas e divertidas marcaram presença em peso. Chaves, Chiquinha até os Menudos foram no Havayanas Usadas. Não faltaram também saias em camadas, flores e brilho, muito brilho.
Em grande parte dos blocos, foi possível notar manifestações contra o atual presidente da república, Jair Bolsonaro. Os foliões gritaram “Ele não”, entre outros gritos contra o atual mandatário.