Urubus, material atômico, bichos peçonhentos, plantas pantanosas, lixo eletrônico, carcaças... O que parecia o fim do mundo era o desfile do bloco Unidos do Barro Preto, na Região Centro-Sul de BH, que viveu ontem uma era pós-apocalipse. É verdade que o final dos tempos chegou cheio de alegria, ao som do mangue beat, mas carregado de críticas sociais e políticas. Em seu nono ano, o bloco optou pela primeira vez em não sair com os corpos cobertos de barro, em respeito às vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho.
Leia Mais
Baianas Ozadas supera dificuldades e leva mensagens de paz e inclusão a foliõesApós post do Estado de Minas viralizar, casal ganha subida ao mirante da SkolCarnaval BH 2019: Bloco Unidos do Barro PretoFunk, rock nacional, axé e muita manifestação política: o carnaval de BH nesta segunda-feiraCom som da bateria baixo, Funk You perde concorrência para as caixas de somAmpliado e sob aplausos dos foliões, Corte Devassa prega 'resistência' por tragédia em BrumadinhoCom muito rock, Bloco Putz Grilla leva às ruas foliões de diversas geraçõesNo lugar do barro, que é uma referência ao mangue e ao bairro belo-horizontino onde o bloco foi fundado, em 2011, o Unidos do Barro Preto elegeu uma estética "pós-apocalíptica". O caos é a leitura dos foliões para o momento atual. "As pessoas estão sentindo falta do barro, mas ficamos com muito receio do que isso poderia sugerir. Lama, nesse caso, não é fantasia. Estamos falando de pessoas", explica um dos integrantes Celso Biamonti.
Uma bandeira de Minas Gerais foi dependurada em um dos carros de som com frase que parodia o slogan do governo de Jair Bolsonaro (PSL) – Brasil acima de tudo, Deus acima de todos – e ainda exige a responsabilização da mineradora Vale.
Com a bateria toda sentada do asfalto, o grupo puxou a marchinha adaptada: "Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", cantaram. O público foi ao delírio. Contra o atual governo, um folião, gay, só pediu à reportagem para que alertasse foliões em BH para mudar o xingamento, em respeito à população LGBT. '”Vai tomar no c*' não é xingamento”, alertou.