Bernardo Santos, o BNegão, não é folião de primeira hora. Quando era mais novo, seu carnaval começava na locadora. “Alugava filme e ficava em casa, tranquilo.” Mas a folia de Salvador mudou sua perspectiva. “A partir de 2006, 2007, passei a me apresentar com o Loucomotivos (antiga banda dele com Marcelo Falcão). Foram dois anos (com o grupo) em trio elétrico, uma superexperiência.”
Desde então, assim que chega o carnaval, BNegão deixa o Rio de Janeiro rumo a Salvador – nos últimos carnavais, ele vem se apresentando com o BaianaSystem. Foi de lá que o rapper carioca chegou, no sábado (2), a Belo Horizonte. Ontem, participou do desfile do Chama o Síndico. Hoje, com sua banda Seletores de Frequência, será a principal atração da festa Sinestésica de carnaval, na Serraria Souza Pinto.
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Morre Keith Flint, líder da banda The Prodigy. Causa foi suicídioUnidos do Samba Queixinho se une ao grupo Corpo e mostra verdadeira arte do carnaval Mini policial faz sucesso no desfile do Chama o síndicoDepois do show em Belo Horizonte, ele volta para o Rio. “Na terça já estarei tranquilão”, comenta. Em termos, na verdade. Desde que 2019 começou, BNegão não parou. Sempre diverso, vem tocando, além dos Seletores, com BaianaSystem (sábado, tem show em São Paulo) e Planet Hemp.
É Caymmi a atual paixão de BNegão. No ano passado, fez seis apresentações, na capital paulista, do show Bernardo Santos canta as canções praieiras (e outras estórias do mar).
“Canções praieiras (LP de estreia de Caymmi, de 1954) teve uma influência brutal, mudou tudo pra mim. Eu nunca tinha tido um impacto tão grande com música. É um álbum tão profundo e imagético que me trouxe vários sentimentos juntos”, conta ele.
BNegão conheceu Canções praieiras quando era adolescente. “Foi um dos primeiros discos de música popular brasileira que ouvi por mim mesmo, pois na época era mais ligado em rap e punk rock.” Desde sempre, por assim dizer, queria fazer algo com Caymmi. Até que veio o show, no qual divide o palco com o violonista Bernardo Bosisio.
“É a coisa mais difícil que já fiz. Meu registro vocal bate em 80% com o do Caymmi. Então, consigo chegar nas notas dele.
BNegão vai, inclusive, gravar três versões de Morena do mar, Rainha do mar e Canção da partida. Uma delas estará na coletânea que Alice Caymmi está organizando com músicas do avô. “De Canção da partida, a gente só conhece uma parte (“Minha jangada vai sair pro mar/ Vou trabalhar/ Meu bem querer”). Pois achei uma gravação em que o Caymmi gravou a segunda parte”, conta ele, sobre a nova versão.
Também estão previstas para este ano gravações com o Seletores (álbum instrumental), Planet Hemp, BaianaSystem e, quem sabe, um álbum solo. “A ideia é essa, mas não posso garantir que vou fazer solo, pois sempre acabo trabalhando em conjunto”, conclui.
SINESTÉSICA DE CARNAVAL
Nesta segunda-feira (4), das 17h às 5h. Serraria Souza Pinto, Avenida Assis Chateaubriand, 809, Centro. Com BNegão e os Seletores de Frequência, Chama o Síndico, Orquestra Atípica de Lhamas, Swing Safado e Novos Baianos F.C.