Na rua, 100% gratuito, o primeiro dia do carnaval de Belo Horizonte configurou-se como festa de todas as tribos, regada a alegria, política, irreverência e muito corote - bebida à base de vodka que caiu no gosto dos foliões.
A estrela da manhã foi o bloco Então Brilha!, um dos mais famosos da capital mineira, que arrastou 400 mil pessoas pessoas pelo Centro. Iniciado às 7h, o desfile saiu da esquina da Rua Curitiba com Avenida do Contorno e seguiu até a Praça da Estação.
Comandado pelo regente Di Souza, o cortejo demonstrou que política e carnaval combinam tão bem quanto rosa e dourado - as cores do bloco. Em momento histórico e emocionante, o Brilha fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do rompimento de barragem da Vale em Brumadinho. Durante o ato, comandado por Marcelo Souza e Helena Lima, do projeto Mar de lama nunca mais, a bateria do bloco se calou e o som dos tambores foi substituído pelo das sirenes, em alusão ao rompimento da barragem. A tragédia deixou, até o momento, 186 mortos e 122 desaparecidos. "Gente é pra brilhar, não é pra ficar debaixo de lama", disse Marcelo Souza.
O desfile também foi marcado saudações a todas as periferias de Belo Horizonte e defesa das diversidades. O vocalista Rubens Aredes lembrou que o Brilha é o bloco "de todo mundo": brancos, negros, homens, mulheres e LGBTs. Hits de Axé dos anos 1990 dominaram a festa.
O foliões do Ladeira Abaixo, que saiu do viaduto Santa Tereza pelo bairro Floresta, engrossaram o coro das manifestações políticas. O alvo das críticas foi o presidente da República. "Bolsonaro, vai tomar no c*", xingavam os brincantes, sob forte temporal.
Gravidez
Quem acompanhou o Bloco da Calixto, liderado há seis anos pela cantora Aline Calixto, participou de um momento certamente único para artista. Aline anunciou, em cima do trio elétrico, que está grávida. Em seguida, emendou o repertório com uma seleção de músicas infantis dos anos 80 a 90. A última foi Lua de Cristal, canção que ficou famosa na voz de Xuxa em 1992.
Nerds e roqueiros
Quem não gosta de samba, axé, entre outros itens tradicionais do universo carnavelesco também tem espaço na folia. O bloco Unidos da Estrela da Morte, que sai às ruas pelo terceiro ano consecutivo, é prova disso.