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Regado a corote e catuaba, primeiro dia de folia em BH teve chuva, protesto e diversidade nas ruas

Mesmo com chuva, os foliões do Ladeira Abaixo continuaram com a diversão - Foto: Leandro Couri/EM

Na rua, 100% gratuito, o primeiro dia do carnaval de Belo Horizonte configurou-se como festa de todas as tribos, regada a alegria, política, irreverência e muito corote - bebida à base de vodka que caiu no gosto dos foliões. 

A estrela da manhã foi o bloco Então Brilha!, um dos mais famosos da capital mineira, que arrastou 400 mil pessoas pessoas pelo Centro. Iniciado às 7h, o desfile saiu da esquina da Rua Curitiba com Avenida do Contorno e seguiu até a Praça da Estação. 

Comandado pelo regente Di Souza, o cortejo demonstrou que política e carnaval combinam tão bem quanto rosa e dourado - as cores do bloco. Em momento histórico e emocionante, o Brilha fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do rompimento de barragem da Vale em Brumadinho. Durante o ato, comandado por Marcelo Souza e Helena Lima, do projeto Mar de lama nunca mais, a bateria do bloco se calou e o som dos tambores foi substituído pelo das sirenes, em alusão ao rompimento da barragem. A tragédia deixou, até o momento, 186 mortos e 122 desaparecidos. "Gente é pra brilhar, não é pra ficar debaixo de lama", disse Marcelo Souza.

Aline Calixto comanda bloco que leva seu nome e é atração do sábado de Carnaval nas ruas de Belo Horizonte - Foto: Marcos Vieira/EM

O desfile também foi marcado saudações a todas as periferias de Belo Horizonte e defesa das diversidades. O vocalista Rubens Aredes lembrou que o Brilha é o bloco "de todo mundo": brancos, negros, homens, mulheres e LGBTs. Hits de Axé dos anos 1990 dominaram a festa.
Uma parceria inédita com o coletivo Lá da Favelinha, no entanto, trouxe um pitada de funk ao agito. Convidado a subir no trio elétrico, o rapper e gestor do grupo Kdu dos Anjos puxou vários sucessos do ritmo carioca, entre eles Parado no bailão, do MC L da Vinte.

O foliões do Ladeira Abaixo, que saiu do viaduto Santa Tereza pelo bairro Floresta, engrossaram o coro das manifestações políticas. O alvo das críticas foi o presidente da República. "Bolsonaro, vai tomar no c*", xingavam os brincantes, sob forte temporal. 

Gravidez



Quem acompanhou o Bloco da Calixto, liderado há seis anos pela cantora Aline Calixto, participou de um momento certamente único para artista. Aline anunciou, em cima do trio elétrico, que está grávida.  Em seguida, emendou o repertório com uma seleção de músicas infantis dos anos 80 a 90. A última foi Lua de Cristal, canção que ficou famosa na voz de Xuxa em 1992. 
 
O tema do desfile foi Bloco da Calixto nas Estrelas. No repertório, faixas que remetem ao espaço, tais como Alô Alô Marciano, imortalizada por Elis Regina, e Astronauta de Mármore, famosa versão da banda gaúcha Nenhum de Nós para Starman, de David Bowie.

Nerds e roqueiros



Quem não gosta de samba, axé, entre outros itens tradicionais do universo carnavelesco também tem espaço na folia. O bloco Unidos da Estrela da Morte, que sai às ruas pelo terceiro ano consecutivo, é prova disso.
Fantasiados de Princesa Leia, Chewbacca, stormtrooper e outros personagens icônicos da saga criada por George Lucas, os fãs acompanham o cortejo cantando marchinhas inspiradas no filme. “O lado negro é muito bom/O lado negro é bom demais/O lado negro é carnaval/O lado negro vai pegar o sabre de luz”, entoavam os foliões.

A turma do rock n'roll se reuniu no fim da tarde, no bloco Jam Dira, que se concentrou às 16h, na esquina das ruas Santa Rita Durão e Sergipe e seguiu para Rua Antônio de Albuquerque. Criado há três anos, o grupo mostra que o bom e velho rock também combina com a folia. Acompanhados por surdos, caixas, chocalhos e repiques, os cantores da clássica kombi que leva o nome do bloco, abriram o desfile deste sábado (2) com Born to be wild, do grupo canadenses Steppenwolf. 

Confira galeria de fotos com os melhores momentos da folia


 













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