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Saideira

Saideira: foliões encerram maratona em cortejos no fim de semana

“É a saideira, eu juro”. Essa era a mensagem estampada na camisa de Reginaldo Chaves, de 42 anos, durante uma das festas de pós-carnaval. Mas, com a cerveja gelada na mão, logo ele contradiz a frase: “Não acabou não. Enquanto eu estiver vivo, vou estender o carnaval”, brincou. Pedreiro, ele é de Belo Horizonte, mas foi para o carnaval do Rio de Janeiro para rever a família durante o feriadão. Porém, já fez a propaganda para trazer toda a “galera carioca” para a capital mineira no ano que vem. “Lá foi ótimo, mas a folia de BH está se superando.” Reginaldo marcou presença no cortejo do Baianeiros, que embalou os foliões no ritmo das percussões de Salvador. Depois de lotar as ruas do Bairro Castelo e do Buritis, nas regiões da Pampulha e Oeste de Belo Horizonte, o bloco arrastou centenas de pessoas para o fechamento da folia na Avenida Antônio Abrahão Caram, no entorno do Mineirão.

Danniel Maestri e Lelo Lobão, ex-baixista do Chiclete com Banana, comandam o som, que colocou todo mundo para dançar com os sucessos da axé music dos anos 1990, como Chiclete com Banana, Asa de Águia, Jammil e Banda Eva.

O desfile deste ano reuniu cerca de 70 mil pessoas no domingo de folia. Ontem, a festa já estava mais morna. Muitas preferiram curar a ressaca de quatro dias de festa em casa ou em programas mais tranquilos.

Mas, não foi o caso da assistente judiciária Daniela Abrahão, de 23 anos, que curtiu muito o “adeus”. Ela, que foi a uma das apresentações do grupo durante o carnaval, gostou e voltou. “Fui ao Baianeiros no Buritis. Curti muito e voltei”, contou. E deu aprovou a festa: “Sai todos os dias.
Foi bom demais, As ruas estavam bem policiadas. Alguns blocos estavam muito cheios e não dava para ouvir a música, mas estavam muito bons. Sempre saía de um bloco e já ia para outro. Dou nota nove para o carnaval. Falta colocar mais banheiro”, sugeriu. Tayna Bianca, de 18, foi na mesma toada. Voltou ao Baianeiros, já com saudade da folia. “Dá um pouco de depressão de ver acabar, mas a vida segue”, disse.

Reginaldo contradiz a camisa: "Enquanto eu estiver vivo, vou estender o carnaval" - Foto: Tulio Santos/EM/D.A PressDurante a festa, o bloco Funk You também “embrasou” o público – gíria muito comum entre funkeiros para “colocar em brasas”, esquentar, aquecer a folia.
Com hits como Agora vai sentar, de MCs Jhowzinho e Kadinho, o público de todas as idades rebolou até ao chão. “Com muito pesar, hoje é a despedida. Já começamos pulando uma semana antes porque ninguém merece ter que esperar o carnaval para curtir. Nunca mais eu viajo no carnaval, a folia daqui é boa demais, Só perde para Salvador. E por enquanto”, avaliou Arnaldo Braga, de 37.

TEVE MAIS Ontem, também foi dia do Fecha Santa. Mais uma vez, a Frente Autônoma LGBT e o Coletivo Beijo no seu Preconceito se juntaram aos blocos para fechar com “chave de glitter” o carnaval belo-horizontino. Os blocos Angola Janga, Alô, Abacaxi, Corte Devassa e Garotas Solteiras colocaram o cortejo na Praça Raul Soares, na Região Centro-Sul da capital, para compor uma bateria unificada. Todos com forte engajamento político levantaram bandeiras pela democracia. Enquanto o Angola Janga levou para as ruas as reivindicações do povo negro, o Alô, Abacaxi reforçou as pautas do público LGBT%2b.
Durante seu desfile de carnaval, a bateria do bloco até abriu espaço para que dois noivos pudessem celebrar a união meio a folia.

O Fecha Santa foi marcado por hits de Amy Winehouse, Rouge, e, claro, Anitta e Pablo Vittar. Teve freira e teve Darth Vader. Todos bem a caráter para se acabar na última festa. “Por que não uma freira com trajes cor-de-rosa? Temos que parar de associar rosa a garotas e azul aos garotos. Eu vou com esta fantasia há anos, mas optei por deixar o preto de lado”, disse Adriano Maciel, de 35. Também teve os que encontraram novos amores. Enquanto o batuque tocava, um trio de homens se beijava em defesa do amor e da liberdade. “Estamos desenvolvendo uma relação a três, que começou no bloco Alô, Abacaxi. Agora vamos tentar subir a serra e curtir várias folias juntos”, disse um deles, Rafael dos Santos Pereira, de 33.

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