Bloco denuncia repressão policial durante cortejo no Barreiro

Segundo o Filhos de Tcha Tcha, PMs dispararam tiros de balas de borracha, deram pancadas de cassetete, soltaram jatos de spray de pimenta e lançaram bombas de efeito moral no Vale das Ocupações

por Lucas Soares* 13/02/2018 10:36
Reprodução/Facebook
(foto: Reprodução/Facebook)
"Foi lindo, até a PM massacrar", disse, por meio de uma publicação no Facebook, o bloco Filhos de Tcha Tcha.

O grupo se apresentou nesta segunda-feira pelo Vale das Ocupações do Barreiro – que abrange as ocupações Eliana Silva, Irmã Dorothy, Camilo Torres e Paulo Freire – e denunciou a violência policial contra foliões e uma prisão considerada indevida de Indianara Mendes, moradora de uma das intervenções.

A mulher foi solta às 5h30, de acordo com informações do bloco.

Segundo o Filhos de Tcha Tcha, os policiais militares dispararam tiros de balas de borracha, deram pancadas de cassetetes, soltaram jatos de spray de pimenta e lançaram bombas de efeito moral. "Na reta da tropa enraivecida, crianças, mulheres, pessoas de todas as idades cujo sua única transgressão era celebrar um Carnaval junto às ocupações urbanas que são símbolo de luta por uma sociedade mais justa", informou o bloco.



Em um publicação no Facebook, o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB/MG), Willian Santos, afirmou que a motivação da agressão por parte dos policiais começou após uma determinação da corporação de que a festa terminasse até as 20h da noite desta segunda-feira. "A CDH da OAB/MG acompanha pela presença do advogado Dr Thales Viotti. Liberdade para Indianara já. Chega de violência", disse Willian.

A vereadora Áurea Carolina também repercutiu na rede social a prisão de Indianara Mendes, que trabalha na "Gabinetona", nome dado ao gabinete conjunto da parlamentar com a também vereadora Cida Falabella. De acordo com Áurea, Indianara mora em uma das ocupações onde aconteceu o cortejo do Filhos de Tcha Tcha. "Ela está presa na Central de Flagrantes do Barreiro sob acusação de desacato e é mantida algemada pelo Sargento Wagner, mesmo com os protestos do advogado presente", publicou. A funcionária Gabinetona foi algemada e presa na Central de Flagrantes do Barreiro sob acusação de desacato, segundo a vereadora.

O grupo também afirmou que foliões ficaram feridos e precisaram ser encaminhados a hospitais. "Denunciamos esta repressão absurda e desproporcional, exigimos a soltura imediata de Indianara e punição para o comando da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) que autorizou essa barbaridade. O governador Fernando Pimentel (PT), comandante da PMMG, deve se posicionar contra esse absurdo e punir os PMs envolvidos em todos essas graves violações."

OUTRO LADO De acordo com o tenente-coronel Sílvio Mendes, comandante do 41º Batalhão da Polícia Militar, o problema com representantes do bloco começou após os mesmos não respeitarem o horário de término do cortejo, previsto para as 20h. "Mantemos a distância, conforme o bloco solicitou, mas o cortejo tem horário de ínicio e de término, definidos pela Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur)", informou o comandante. 

Ele disse que algumas pessoas que estavam no bloco iam até o local onde a polícia ficava para tentar negociar a ampliação do horário. "No entanto, a terceira pessoa que se dirigiu até os militares foi a senhora, que se exaltou muito, desacatou representantes da polícia e acabou sendo presa", falou o tenente-coronel. Segundo ele, outro homem foi preso por atirar pedras na polícia e machucar policiais que estavam na segurança do evento. 

Os dois foram encaminhados para um hospital, uma vez que a polícia teve que solicitar reforço para atender a ocorrência na região. Bombas de efeito moral foram utilizadas. 

*Sob supervisão do editor Benny Cohen

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