Na chegada a Nazaré da Mata (PE), ainda na estrada, percebe-se que a cidade ganha um colorido nesta época do ano. E não se trata de decoração carnavalesca, mas, sim, das roupas dos caboclos de lança que chegam barulhentos à cidade para o dia do encontro das nações de maracatu nesta segunda-feira, 12. O tradicional cortejo com quase 100 grupos tomou a praça da cidade, se renovando com as mulheres.
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Sargento Pimenta mistura Beatles e ritmos brasileiros no carnaval do RioBlocos brasileiros agitam o carnaval de LisboaEm noite de protestos, Mangueira arrebata Sapucaí no primeiro dia de desfiles no RioCom cerca de 30 mil habitantes e a uma hora, em média, da capital Recife, a cidade localizada na zona da mata pernambucana é o centro da cultura do maracatu rural (ou de baque solto), que está intimamente ligada às plantações de cana-de-açúcar, muito tradicionais em toda a região.
Um carnaval menos folião e mais para ser visto. Trabalhador de um engenho de cana, Biu Profino é caboclo de lança há 23 anos no grupo Estrela Brilhante. Para ele, o maracatu não se resume ao carnaval. "A gente ensaia o ano inteiro nos barracões, é a diversão pra gente que trabalha na cana", disse enquanto se vestia com a roupa de cerca de 20 quilos para a apresentação.
A figura do caboclo de lança, que simboliza a proteção dentro do cortejo, costuma ser encarnada por homens que são respeitados dentro das comunidades.
Se na tradição, o papel de mulher se resumia às rainhas da corte ou baianas e à confecção das roupas, o grupo prova que elas também podem ser as guerreiras do grupo. "Alguns ainda olham torto. Mas levantamos a nossa bandeira", disse Cristina Mota, mestra da agremiação. O grupo este ano saiu com o tema "Eu quero amor e paz: deixe sua violência para trás", contra a violência doméstica.
Contrariando a tradição há oito anos, a auxiliar de abate Cristina França, desde sempre, desfilou com a roupa dos caboclos de lança. Ela viajava em um ônibus com os outros caboclos - no caso todos homens.