O clima zen define este bloco único de Belo Horizonte, onde os foliões preferem água à cerveja, cantam mantras e não marchinhas. Incensos e borrifadores com óleos ajudam a incrementar ainda mais a atmosfera do Pena de Pavão de Krishna (PPK), conhecido principalmente pelos rostos dos foliões, sempre pintados de azul.
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Alô Abacaxi realiza casamento gay durante cortejoCarnaval em BH começou antes de a capital ser inauguradaAcompanhe, ao vivo, os desfiles dos blocos de carnaval neste domingo em BHDesfile do Bloco Pena de Pavão Krishna, no Barreiro Carnaval sem banheiro na Savassi: foliões e moradores reclamam da estrutura dos blocosDa Cidade Jardim ao Krishna: um pavão que atravessa a história do carnaval de BHAos pés do Cristo, os cânticos a Krishna refletem o espírito agregador do bloco. Centenas de pessoas pintadas de azul criam uma cena surreal, tanto mais, se somada à parede azul da praça - um prato cheio para público e fotógrafos.
A concentração para o desfile começou cedo. Marcada para às 7h, na Praça do Cristo Redentor, os primeiros foliões chegaram antes disso e começaram a preparar o café comunitário, onde cada um levou uma contribuição.
A previsão inicial era de que o bloco saísse às 8h30. Mas, por causa do novo sistema de som do PPK, houve um atraso de cerca de duas horas, já que, pela primeira vez, o bloco usa, além do caminhão, duas kombis de apoio para caixas de som. A ideia era superar um problema de anos anteriores, quando, por causa do tamanho do público, não foi possível escutar as músicas longe do trio.
Por volta das 10h, a bateria iniciou o aquecimento e o hino do PPK marcou o início do desfile com direito à oração de São Francisco de Assis, agradecimento ao Cristo Redentor e fumaça azul. Este ano, o bloco quer chamar atenção para a defesa da Bacia do Ribeirão Arrudas, cujas nascentes se encontram na região. O córrego Barreiro é um dos importantes afluentes e a intenção da população da região é transformar área verde cortada pelo córrego no Parque Ecológico Barreiro de Cima.
O Instituto Macunaíma está a frente da luta e se uniu ao PPK para chamar atenção para a luta. Desde o ano passado, quando foi a Morro Vermelho, distrito de Caeté, em defesa das águas da Serra do Gandarela, o bloco assumiu a militância pelas águas e o meio ambiente.
Espiritualidade
Para além do carnaval, o Pena de Pavão de Krishna promove um ritual sincrético. Em homenagem à Krishna, do hinduísmo, ele mistura crença e fé, convidando para a transcendência da alegria.
O bloco surgiu em 2013 em homenagem à Krishna, Deus do amor, "o todo atraente", uma das entidades mais cultuadas no hinduísmo.
"Aqui sentimos uma tranquilidade e uma energia positiva muito grande", afirma Manuela Ferreira, arquiteta, de 25 anos, há quatro anos batendo ponto no desfile do PPK. "É um bloco espiritualizado. Fazer a conexão com a gente mesmo. Arrepio inteira do início ao fim. Nem gosto de beber álcool neste bloco pra sentir a essência por completo ", diz a assistente social Ana Paula Ramos, de 28 anos, que veio acompanhada do marido, professor de yoga.
A percepção de quem já vem ao bloco há mais tempo é de este ano o PPK está mais tranquilo. No ano passado, o PPK optou por desfilar em Caeté e agora retorna a BH, abraçando a criação de um parque ecológico no Bairro Barreiro de Baixo. "Acho que as pessoas ficaram um pouco com pé atrás do PPK porque estavam indo muito longe.
O bloco mostra que está voando alto e investiu numa estrutura profissional com duas kombis apoiando a sonorização, além do caminhão que já acompanha o PPK desde 2015. Realmente, é possível escutar a música mesmo distante do bloco e não há empurra-empurra.