Quem não tem uma boa história de carnaval para contar atire a primeira pedra. Inspirada na folia, a Coluna HIT apresenta, de hoje a quarta-feira de cinzas, quatro histórias que têm como cenário a festa que toma as ruas da cidade. Detalhe mais importante: cada texto foi escrito a seis mãos e contêm três parágrafos. As escritoras Sabrina Abreu, Cris Guerra e Fernanda Mello abrem a série. Todos tiveram liberdade para se jogar entre confetes e serpentinas. Cada autora tinha 24 horas para redigir seu texto e encaminhá-lo à próxima. Deu certo. Para quem está em casa, atordoado pela ressaca, ou esquentando para correr atrás do próximo bloco, ainda há tempo de se divertir com as histórias de carnaval.
SONHEI QUE SONHAVA
Há uma década, se alguém me falasse que o carnaval de BH, no futuro, teria bloquinhos com milhares de pessoas nas ruas, eu pensaria que esse alguém estava sonhando.
Talvez a purpurina revele o brilho da alma. Vestir a fantasia, seja ela qual for, se a mais espalhafatosa ou aquela que nem se nota no meio do bloco, é uma espécie de confissão. Todo mundo veste uma saudade, um sonho como adereço, uma transparência do que lhe faltou. Talvez more aí a grande magia do carnaval. Van Gogh, Frida Kahlo, cowboy, David Bowie. Policial, colombina, palhaço ou Noel Rosa: todos unidos no compasso das diferenças. Todos vestidos de suas mais lindas frustrações.
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Carnaval em BH começou antes de a capital ser inauguradaSábado de Carnaval na Savassi é marcado pela alegria e mistura de ritmosLeitores da Coluna HIT apontam as palavras mais chatas do anoHistória e estórias de carnaval provocam misto de vergonha alheia e boas risadasMe encantei pelo encontro e me desculpei (quase envergonhada) pela ausência. Esquecer nosso lado criança – aquele que nos faz lembrar da magia do mundo – é um descaso que merece reparos imediatos e um puxão de orelha certeiro. O que fazer?, pensei, enquanto desempacotava meus sonhos e os olhava um a um. Em frente ao espelho, um sorriso esquecido me pegou de surpresa, juntamente com uma peruca emaranhada do que poderia ser um Alice Cooper, um top brilhante de paetês à la Beyoncé e uma armadura (rústica e dura) de Joana D’Arc...
Foi então que me rendi às minhas tantas fantasias, coisa que aprendi sendo criança. Nesse carnaval, vou vestir todos os meus sonhos, me enfeitar de desejos e ser, ao mesmo tempo, o que fui, o que sou e o que eu nunca (Alice Cooper?) serei. (Fernanda Mello).