Movimento intenso e previsão de chuva exigirão mais cuidado nas estradas de Minas

Das estradas ao esquema de trânsito em BH, polícia, BHTrans, blocos e foliões dão os últimos retoques para os dias oficiais de festa. Risco nas BRs, com acidentes mais violentos, acende alerta

por Guilherme Paranaíba Gustavo Werneck 09/02/2018 06:00

Gladyston Rodrigues/EM/DA Press
Nas rodovias, preocupação tanto para quem chega à capital quanto para quem sai é com a possibilidade de chuva e com problemas como o cansaço dos condutores e uso de álcool (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

Últimos retoques em fantasias, adereços e instrumentos, mas também em planos de trânsito, desvios, esquemas de segurança e vigilâncias nas estradas – tanto para quem chega a Belo Horizonte como para quem parte da cidade para o carnaval. Na véspera da festa que promete público recorde na capital, porém, o samba atravessa para pelo menos seis blocos, cujos trajetos ou áreas de concentração ainda representam impasse com prefeitura e Corpo de Bombeiros. Dois deles já anunciaram o cancelamento dos eventos que preparavam. Mas, diante das centenas de outros grupos que estão em ritmo de aquecimento dos tamborins, a BHTrans elaborou um esquema de tráfego e rotas de fuga, na tentativa de minimizar os transtornos para quem quer se deslocar pela cidade nos quatro dias de folia. Nas estradas, as polícias rodoviárias Federal e Estadual distribuem equipes para monitorar o movimento de chegada e partida de motoristas, com preocupação extra diante da possibilidade de chuva e de números que indicam tendência de aumento nas mortes em BRs que cortam Minas Gerais.

 

As características do feriado do carnaval nas estradas que cortam Minas Gerais já são suficientes para ligar o alerta da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas BRs mineiras, que terá 900 policiais, 22 radares móveis, 150 bafômetros e apoio de um helicóptero durante o recesso. Porém, em 2018, além do risco de chuva durante o feriadão, da mistura de álcool e direção e do cansaço causador do sono, há um fator extra de preocupação, já que balanço fechado de 2017 indica mais mortes nas rodovias. Se por um lado o número de acidentes diminuiu, passando de 14.340 em 2016 para 12.709 no ano passado (redução de 12%), as mortes subiram, saltando de 823 para 869 (aumento de 5,5%), o que indica maior letalidade nos desastres. Esse resultado quebra uma sequência de dois anos seguidos de redução geral de acidentes, mortos e feridos.

Para a PRF, essa situação cria um cenário preocupante, e por isso a corporação espera que os motoristas se programem para viajar descansados e em hipótese alguma dirijam depois de beber. A atenção ainda deve ser redobrada em caso de chuva e também diante das condições das rodovias. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há previsão de pancadas de chuva entre hoje e amanhã, o que pode dificultar a saída dos foliões que deixarem a capital mineira ou a chegada dos turistas a BH.

Os dados do balanço de 2017 ainda apontam, nas mais de 12 mil batidas com 869 mortos, 13.143 pessoas que ficaram feridas. O inspetor Aristides Júnior, chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF em Minas, diz que a maior letalidade das batidas expõe o comportamento inadequado dos condutores, pois normalmente desastres mais graves estão associados a altas velocidades. “Quanto maior a velocidade dos carros, maior é o impacto. Infelizmente, nesse ponto, a melhoria das condições de muitas rodovias, que deveria ser um benefício, acaba sendo usada de forma imprudente pelos condutores”, afirma o inspetor. “O aumento no número de mortos (em 2017) gerou essa preocupação. Como o carnaval é nosso primeiro feriado, e o mais importante do ano, um bom resultado traz impacto positivo para o restante do período”, acrescenta Júnior.

A PRF acredita que a mistura de bebida e direção e o sono causado pelo cansaço são as características próprias do feriado de carnaval, que preocupam bastante e por isso podem intensificar comportamentos ligados a acidentes mais graves: excesso de velocidade, ultrapassagem proibida, não manutenção de distância adequada de segurança e tráfego pelo acostamento. A PRF recomenda que as pessoas se planejem para aproveitar a folia e não peguem a estrada sem um período de descanso entre a festa e o retorno para casa.

No carnaval de 2017, 22 pessoas morreram em 334 acidentes nas rodovias federais que cortam o estado. O número de óbitos foi 69% superior aos 13 mortos no mesmo recesso de 2016. Já os acidentes da folia de 2017 cresceram 65% em relação às 202 batidas de 2016. No ano passado foram registradas ainda 1,3 mil multas por ultrapassagens proibidas e 9,6 mil infrações por excesso de velocidade.

ATENÇÃO NAS RODOVIAS Dois trechos em rodovias federais mineiras demandam maior atenção dos condutores por problemas estruturais. A BR-116, em Muriaé, na Zona da Mata, está parcialmente interditada devido A obras para corrigir problemas causados por um deslizamento de terra no Km 714. Já a BR-464, entre Delfinópolis e São João Batista do Glória, no Sul de Minas, está completamente fechada devido a uma ponte que desabou durante os trabalhos de reconstrução da estrutura sobre o Ribeirão Capetinga.

Nas MGs, segundo o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem, há 26 trechos com interdição total ou parcial.

 

Alerta rumo ao Espírito Santo

 

Mineiros que tiverem o Espírito Santo como destino no carnaval devem ficar atentos a uma restrição em  trecho entre o Vale do Rio Doce e o estado vizinho. A BR-259, que liga Governador Valadares à BR-101 passando por Colatina (ES), está interditada, sem prazo de reabertura, no km 79, entre Colatina e Baixo Guandu, devido ao deslizamento de rochas causado pela chuva. Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes avaliam quais ações serão adotadas no local. Por enquanto, a única opção dos motoristas de carros pequenos é acessar a ES-446, passando por Baixo Guandu, Itambé e Colatina, trecho que tem percursos de terra. Caminhões devem passar por Itaguaçu e Santa Teresa para acessar a BR-101.

Juarez Rodrigues/EM/DA Press
Desvios no entorno dos blocos tentam garantir a segurança de foliões e a fluidez do tráfego (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)

BHTrans indica rotas e desvios para motoristas


Samba no pé e olho na mobilidade. Durante o carnaval, a BHTrans promove operações na área central de Belo Horizonte e nas regionais, a fim de garantir a mobilidade dos foliões e de quem precisa transitar por perto dos locais da festa. Agentes da Unidade Integrada de Trânsito (BHTrans, Polícia Militar e Guarda Municipal) vão trabalhar em parceria com diversos órgãos no Centro de Operação da Prefeitura (COP-BH),onde será feito todo o monitoramento da operação.

Para evitar problemas durante o reinado de Momo, é bom ficar atento ao planejamento. Na área central, diante do grande número de blocos, foi preparado um esquema delimitando as áreas onde eles estarão concentrados. Assim, será criada uma estrutura de desvios no trânsito, na tentativa de minimizar o impacto.

O corredor da Avenida do Contorno deve funcionar como uma espécie de rota de fuga, liberada para o trânsito geral e o transporte público. A medida visa a facilitar o acesso a qualquer destino dentro da área central, evitando as interrupções provocadas por desfiles.

Outra forma de tentar evitar as áreas fechadas ao tráfego é pela Praça Raul Soares. As vias no entorno funcionarão como um rotor para acesso à Avenida do Contorno e alguns pontos da área central em que não haverá blocos. As avenidas Amazonas, Bias Fortes, Olegário Maciel e o Elevado Dona Helena Greco vão operar como entradas e saídas da área central.

No caso de acesso à Área Hospitalar, a indicação é usar a Avenida do Contorno até a entrada pela Rua Maranhão (próximo ao Hospital da Polícia Militar). Esse trajeto estará livre para o trânsito, em ambos os sentidos da Contorno, e os agentes da BHTrans vão preservá-lo durante os deslocamentos dos blocos.

VIADUTO Amanhã, parte da Avenida do Contorno, da Rua dos Guaicurus até o Viaduto da Floresta, será interditada para o desfile do Bloco Então, Brilha!. Diante do tamanho do público esperado e para garantir as condições de segurança, a BHTrans pode fechar operacionalmente o acesso, em ambos os sentidos, do Viaduto Leste (Complexo da Lagoinha) e do Viaduto da Floresta.

 

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