“Chuta! Chuta! Chuta! Chuta a família mineira!”, o provocador verso da marchinha autoral do bloco Alcova Libertina, não vai ecoar no carnaval de 2018. O bloco, fundamental na ascensão do carnaval de rua de Belo Horizonte, já foi dono do maior público em seus cortejos, com 100 mil foliões na Avenida dos Andradas, no coração da capital mineira.
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Possibilidades como a verba da prefeitura e o crowdfunding se mostram, de acordo com Leal, insuficientes para garantir a sustentabilidade de um bloco do porte do Alcova - inclusive ao longo do ano e não apenas durante o carnaval: "Essa profissionalização do carnaval dá uma chocada com o que a gente queria lá na origem, em 2011, fazendo o carnaval na raça".
As redes sociais do bloco parecem estar de luto: tudo preto nas fotos de capa e perfil das redes do Alcova Libertina. O bloco deve publicar nota oficial com mais detalhes sobre a decisão nesta segunda-feira (29/01).
"Estamos em processo de hibernação. Não é que o bloco acabou. Deixamos a tela toda preta (nas redes sociais) para mostrar que realmente é complicado trabalhar com um bloco deste tamanho sem patrocínio algum. Vamos pensar sobre o que será em 2019", avisa o integrante.
Crítica na veia
O Alcova surgiu do encontro de músicos, poetas, artistas plásticos que trabalhavam em Santa Tereza. No carnaval de 2013, milhares de foliões se juntaram na Praça Duque de Caxias. O bloco cresceu e por questões de segurança, os desfiles passaram para o bairro vizinho, Santa Efigênia.
Artistas como Amy Winehouse, Beatles, Led Zeppelin, Elvis, Raul Seixas e Mutantes já tiveram seus clássicos interpretados pela Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos, formada por 23 músicos em média.
Os antológicos desfiles também eram marcados por críticas políticas. Do alto do trio elétrico, vocalistas já declararam apoio à legalização do aborto, à descriminalização do uso das drogas e alfinetaram o então prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), pela falta de poda das árvores no percurso do bloco.
(Colaborou Leíse Costa)