Bloco Reciclado desfila com fantasias feitas de lixo

Os foliões se concentraram na região do Barro Preto, local onde estão localizados diversos galpões de compra, venda e separação de lixo.

por Alessandra Melo 28/02/2017 14:28
Alessandra Mello/EM/D.A.Press
Tati gigante feito de material encontrado no lixo abre o desfile do Bloco Reciclado (foto: Alessandra Mello/EM/D.A.Press)
Pequeno, mas com uma causa de grande importância. Esse é o Bloco Reciclado que saiu pela primeira vez nesse carnaval. Os foliões, todos vestidos com fantasias feitas de material encontrado no lixo, se concentraram na Rua Paracatu, esquina com a avenida do Contorno, na região do Barro Preto, local onde estão localizados diversos galpões de compra, venda e separação de lixo. Durante o trajeto, foram distribuídas mudas de pitanga.

A maioria são amigos que fazem parte do Coletivo Lixo Zero que une música e teatro ao debate sobre a preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Formado por cerca de 50 pessoas, o bloco desfilou por um pequeno percurso, chamando a atenção por causa de um tatu gigante feito de placas sanfonadas, jornal e papelão.

Ele é um protótipo de animais gigantes que serão exibidos no carnaval de 2018. Serão representados bichos do cerrado, segundo maior bioma da América do Sul e um dos maiores do Brasil ameaçado pela ocupação urbana. O projeto do coletivo foi um dos selecionados para a folia do ano que vem por meio de leis de incentivo à cultura.

Um dos integrantes e idealizadores do bloco é o artista plástico Leó Pilo, responsável pela decoração carnavalesca de 28 monumentos públicos da cidade. Ele é também o criador de todas as fantasias e adereços do bloco. O estandarte do bloco, por exemplo, foi feito de canos e retalhos de tecido. UM carrinho de sorvete velho virou um instrumento musical formado por diversos tamborins. E ainda teve outra utilidade, foi nele que os integrantes do bloco gelavam as bebidas.

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Carro tocador de pandeiro e geladeira de cerveja feito de material reciclado (foto: Alessandra Mello/EM/D.A.Press)
De acordo com Piló, a ideia é mostrar a importância da reciclagem para a preservação do meio ambiente e que ela pode ser uma “maneira de poupança e de cura do nosso sistema de produção”. Para ele, a retomada e as mudanças pelas quais vem passando o carnaval da cidade, marcado pela alegria, mas também por discussões importantes , a reflexão sobre o destino dos resíduos não podia ficar de fora.

“É muito importante todas as iniciativas que levam a essa reflexão sobre o resíduo sólido, onde jogá-lo e como apoiar as pessoas que trabalham com ele - que são os catadores. “A gente perceber a reciclagem como uma expansão constante de hábitos e de costumes, por isso ela não poderia estar fora, não poderia não se lançar nessa onda, nessa folia”.

Maria Cristina Alves Santos da Cruz - uma das participantes do bloco - vestia uma fantasia de Branca de Neve alugada. Ela conta que vendeu reciclados para alugar a fantasia. "Do lixo ao luxo", brincou Maria.

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