O que imaginaria Braguinha se, mais de 80 anos depois de Ô Balancê, visse a marchinha dar passagem para o sertanejo e o eletrônico no carnaval de rua? Hoje, ziriguidum bom é aquele que tem axé, samba, funk, música eletrônica e mais recentemente muito sertanejo - sim, o ritmo que antes desaparecia nesta época está arrebentando.
"A grande virada mesmo veio nos últimos dois anos, com as mulheres do sertanejo. Estou falando das novas divas, como Simone & Simaria", diz a publicitária de cabelo rosa, descendente de japoneses, Nathalia Takenobu, de 31 anos, que cresceu ouvindo Luan Santana e Bruno & Marrone em Presidente Venceslau, no interior paulista. "Quando mudei para São Paulo, a única balada sertaneja era (na casa) Villa Country", diz a organizadora do Pinga Ni Mim, o primeiro bloco sertanejo da capital, que levou ontem mais de 20 mil pessoas para a Avenida Hélio Pellegrino, na Vila Nova Conceição, zona sul.
E há muito que o sertanejo não é só música de viola exclusiva de áreas rurais do País. O trio elétrico do Pinga serviu até de palco para o pedido de casamento do bancário Paulo Barreto, de 25 anos, para a noiva, Rafaella Silva, de 22. "Conversei com amigos e achamos uma ótima ideia", disse ele. O casamento deve acontecer em agosto "ao som de Jorge e Mateus (do hit 'Amo Noite e Dia')", garante.
A administradora Ana Paula Paggi, de 38 anos, fã de sertanejo, veio de São Bernardo do Campo com mais quatro amigas. "Adoramos os blocos de carnaval. Com sertanejo, fica melhor!"
E não é exclusividade paulistana. Na Bahia, o Camarote Salvador da Avenida Oceânica, em Ondina, de um lado oferece visão excelente do tradicional desfile dos trios elétricos, onde passam ídolos como Ivete Sangalo e Wesley Safadão. Do outro, dentro do camarote, acontece uma festa à parte. Em uma estrutura que lembra eventos como Lollapalooza, três palcos, em 10 mil m², concentram 60 atrações.
"Metade desses artistas é sertanejo. Na programação, temos nomes como Luan Santana e Marília Mendonça. Fizemos pesquisas de opinião e constatamos que, se não tiver esse gênero de música, perdemos público", diz Luciana Villas Boas, diretora da Premium Entretenimento.
"Se o Rio tivesse ficado só nas marchas e nos sambas, os blocos tinham morrido. Agora tem lugar para todo mundo e a novidade é o sertanejo", afirma a carioca Anna Vitória Gomes, gerente de varejo, de 29 anos. "Eu adoro música romântica. A 'sofrência' das coleguinhas está fazendo o maior sucesso", diz, com referências às novas cantoras do sertanejo e seus hits, que agora puxam uma multidão, incluindo ela - que fará o circuito country baiano.
Aliás, o sertanejo começa a emergir como ritmo dos camarotes e das ruas do Rio também. Na semana passada, João Lucas & Matheus arrastaram 500 mil pessoas para a Praia de Copacabana, entoando hits como 50 Reais, de Naiara Azevedo, e 10%, de Maiara & Maraisa, de cima do trio elétrico do bloco Chora Me Liga.
Anteontem, a dupla de irmãos, de Ribeirão Preto (SP), repetiu o show no Jockey Club para 3 mil pessoas. "Há uma década, quando chegava o carnaval, saíamos de férias. Cinco anos atrás, começaram a nos chamar, mas tínhamos de misturar axé e forró. Hoje, o show é quase 100% sertanejo e durante todo o carnaval", diz João Lucas, de 38 anos.
A busca por diversidade de ritmos também já faz muito folião aproveitar o feriado em mais de um destino. Na sexta-feira de manhã, a empresária paulistana Bel Pimenta, de 30 anos, pegou a ponte aérea para curtir o carnaval do Rio. Durante o dia, aproveitou os blocos e, à noite, festas eletrônicas e bares com os amigos. Ontem, embarcou para Salvador, para duas noites em camarotes. "Escolhi as datas que tinham shows de sertanejo. Eu amo." Depois, volta ao Rio, para o desfile das campeãs na Sapucaí.
"A grande virada mesmo veio nos últimos dois anos, com as mulheres do sertanejo. Estou falando das novas divas, como Simone & Simaria", diz a publicitária de cabelo rosa, descendente de japoneses, Nathalia Takenobu, de 31 anos, que cresceu ouvindo Luan Santana e Bruno & Marrone em Presidente Venceslau, no interior paulista. "Quando mudei para São Paulo, a única balada sertaneja era (na casa) Villa Country", diz a organizadora do Pinga Ni Mim, o primeiro bloco sertanejo da capital, que levou ontem mais de 20 mil pessoas para a Avenida Hélio Pellegrino, na Vila Nova Conceição, zona sul.
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A administradora Ana Paula Paggi, de 38 anos, fã de sertanejo, veio de São Bernardo do Campo com mais quatro amigas. "Adoramos os blocos de carnaval. Com sertanejo, fica melhor!"
E não é exclusividade paulistana. Na Bahia, o Camarote Salvador da Avenida Oceânica, em Ondina, de um lado oferece visão excelente do tradicional desfile dos trios elétricos, onde passam ídolos como Ivete Sangalo e Wesley Safadão. Do outro, dentro do camarote, acontece uma festa à parte. Em uma estrutura que lembra eventos como Lollapalooza, três palcos, em 10 mil m², concentram 60 atrações.
"Metade desses artistas é sertanejo. Na programação, temos nomes como Luan Santana e Marília Mendonça. Fizemos pesquisas de opinião e constatamos que, se não tiver esse gênero de música, perdemos público", diz Luciana Villas Boas, diretora da Premium Entretenimento.
"Se o Rio tivesse ficado só nas marchas e nos sambas, os blocos tinham morrido. Agora tem lugar para todo mundo e a novidade é o sertanejo", afirma a carioca Anna Vitória Gomes, gerente de varejo, de 29 anos. "Eu adoro música romântica. A 'sofrência' das coleguinhas está fazendo o maior sucesso", diz, com referências às novas cantoras do sertanejo e seus hits, que agora puxam uma multidão, incluindo ela - que fará o circuito country baiano.
Aliás, o sertanejo começa a emergir como ritmo dos camarotes e das ruas do Rio também. Na semana passada, João Lucas & Matheus arrastaram 500 mil pessoas para a Praia de Copacabana, entoando hits como 50 Reais, de Naiara Azevedo, e 10%, de Maiara & Maraisa, de cima do trio elétrico do bloco Chora Me Liga.
Anteontem, a dupla de irmãos, de Ribeirão Preto (SP), repetiu o show no Jockey Club para 3 mil pessoas. "Há uma década, quando chegava o carnaval, saíamos de férias. Cinco anos atrás, começaram a nos chamar, mas tínhamos de misturar axé e forró. Hoje, o show é quase 100% sertanejo e durante todo o carnaval", diz João Lucas, de 38 anos.
Ponte aérea carnavalesca
A busca por diversidade de ritmos também já faz muito folião aproveitar o feriado em mais de um destino. Na sexta-feira de manhã, a empresária paulistana Bel Pimenta, de 30 anos, pegou a ponte aérea para curtir o carnaval do Rio. Durante o dia, aproveitou os blocos e, à noite, festas eletrônicas e bares com os amigos. Ontem, embarcou para Salvador, para duas noites em camarotes. "Escolhi as datas que tinham shows de sertanejo. Eu amo." Depois, volta ao Rio, para o desfile das campeãs na Sapucaí.