Os foliões que acompanharam o bloco Corte Devassa na tarde de ontem fizeram duas viagens no tempo. A primeira para o passado, com os figurinos pomposos e sofisticados que relembram a época do Brasil Império. A segunda para o futuro, com pessoas de todos os gêneros, cores e orientações sexuais curtindo a folia de maneira harmoniosa e feliz. O cortejo, que começou às 14h e se concentrou na Rua Sapucaí, foi tomando o Bairro Floresta. Não faltaram dança, performance, marchinhas e confete.
O cuidado com as roupas e maquiagens chama muito a atenção. Mas a aceitação da diversidade e a quebra de paradigmas talvez sejam as grandes bandeiras levantadas pelo grupo
As tradicionais marchinhas de carnaval, que fazem parte do repertório do bloco, têm as letras originais deixadas de lado. Temáticas que ofendam minorias são substituídas por discursos inclusivos. Zezé, aquele da cabeleira, que antes tinha sua sexualidade questionada, agora é incentivado a se aceitar do jeito que é. Andréa Rodrigues, de 24, resumiu o sentimento que parecia ser geral: “A Corte Devassa representa a união de todas as tribos”.
Apesar de o bloco ter sido de alto nível, problemas de infraestrutura continuam prejudicando a folia dos belo-horizontinos. O trânsito na região estava muito mal sinalizado e a Avenida do Contorno, uma das principais da cidade, teve um trecho bloqueado. Isso fez com que a Área Hospitalar ficasse sem rápido acesso no final da tarde. Também faltavam banheiros para quem curtia a festa e as ruas perpendiculares à Sapucaí se encheram de pessoas fazendo suas necessidades fisiológicas