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Primeiro desfile do Havayanas Usadas teve imprevistos, mas não atrapalharam a festa

Bloco dissidente do veterano Baianas Ozadas, viveu no seu primeiro desfile, ontem, na Avenida Petrolina, Bairro Sagrada Família, Região Leste de BH, o significado da folia popular na sua essência

Flávia Ayer
Bateria do bloco, de alaranjado, lotou a Avenida Petrolina e foi cercada por foliões - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A. Press

Carnaval é a festa do povo e a única regra é se divertir. Em sua estreia no carnaval de BH, o Havayanas Usadas, bloco dissidente do veterano Baianas Ozadas, viveu no seu primeiro desfile, ontem, na Avenida Petrolina, Bairro Sagrada Família, Região Leste de BH, o significado da folia popular na sua essência. Se o som estraga, o povo canta junto. Se o público é maior do que o esperado, a bateria pede passagem. Se o tempo não é suficiente para chegar até o fim do percurso programado, o bloco vai até onde dá. E deu. Deu muita onda, como prega o hit do momento.


Apesar de calouro na folia, o Havayanas nasceu grande – cerca de 300 ritmistas –, e atraiu, de acordo com as estimativas da organização, cerca de 20 mil pessoas para a Avenida Petrolina. A assistente de pesquisa Gabriela Ferrão, de 27 anos, estava lá fantasiada de Manda Nudes, toda animada para o desfile. Escolheu ir ao Havayanas para evitar a muvuca do Baianas. “Mas parece que todo mundo teve a mesma ideia”, diz, em meio à multidão.

Grupo de dançarinas fez coreografias ao som de axé e músicas afro no Sagrada Família - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A. Press
A dissidência ocorreu porque os então regentes do outro bloco, Heleno Augusto e Peu Cardoso, pregavam que o grupo deveria manter o espírito espontâneo do carnaval de BH, sem preocupação com profissionalização. Daí surgiu o Havayanas, que foi fiel à ideia de folia despretensiosa

. “Estávamos precisando de um bloco no bairro. Está tudo de bom”, comemorava a enfermeira Kátia Prado, de 58, moradora do Sagrada Família.

No repertório, muito axé e músicas afro. Do alto de um prédio da Petrolina, o povo pulando que nem pipoca, quase como na canção do Araketu, era cena bonita de ver. Quando todo mundo, a pé, cantava a O canto da cidade, de Daniela Mercury, foi de arrepiar: “Eu vou andando a pé/ Pela cidade bonita”. Só que o sistema de som estragou, por cerca de meia hora. Mas desde quando isso é problema para folião?

Teve gente que nem reparou e, embalado pela bateria, continuou a cantar. O problema no som foi apenas um dos desafios que o Havayanas teve enfrentar logo em seu primeiro ano. A corda usada para proteger o bloco não funcionou e virou um cordão humano. O público grande dificultou a evolução do bloco e a ala criada para crianças, pessoas com deficiência e idosos foi “invadida” por quem não se enquadrava na preferência.

As amigas Deinha Baruqui e Fabiana Loyola foram literais na fantasia de par de chinelos - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A. Press
Todas essas questões ao longo do trajeto foram problemas de quem já nasceu grande. O Havayanas conseguiu enfrentar esses obstáculos como uma grande família, bem no clima do bairro que escolheu para desfilar
. “Foi maravilhoso. Vimos no rosto das pessoas. Todo mundo sorrindo. Tivemos um problema no som, mas a bateria segurou. Foi maravilhoso”, disse, emocionada, a fundadora do bloco, Cris Gil.

 

Hoje tem Monobloco na Esplanada

Depois de quatro dias de festas, chega hoje o final do carnaval no Mineirão. E ele será da melhor maneira possível: um desfile do Monobloco, na esplanada, com entrada franca. Participando pela primeira vez da folia mineira, o bloco carioca vai levar para a Pampulha 60 batuqueiros de BH, que ao longo de 2016 participaram das oficinas do grupo. Trata-se de uma parceria com a escola de samba de rua Unidos do Samba Queixinho, também apadrinhada pelo Mestre Odilon. A festa começa às 17h. Ontem, a esplanada teve seu dia mais diverso. Começou a festa pela manhã, com um carnaval infantil. À tarde e à noite a música eletrônica tomou conta do lugar, com uma série de DJs.

 

- Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A. Press

Eu vim

Paloma Villas Boas, 35 anos
coordenadora de estilo

A coordenadora de estilo Paloma Villas Boas, de 35 anos, moradora de São Paulo, já está repetindo a dose no carnaval de BH. Depois de vir à folia na capital mineira em 2014, ela não pensou duas vezes quando a amiga mineira a convidou novamente. “É muito interessante esse resgate do carnaval de rua. Aqui tem música boa de verdade. As pessoas também fazem a gente se sentir em casa”, conta Paloma, arrasando numa fantasia de constelação de estrelas.

 

- Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A. Press

Sem noção
O bloco dos “sem noção” atravessou o desfile do Havayanas Usadas, no Bairro Sagrada Família. Um ambulante estacionou sua caminhonete na Avenida Petrolina, esquina com Rua Waston Radicchi, e montou duas mesas de ferro para servir as bebidas. O “bar ambulante” ficava exatamente no percurso do bloco, lotado de gente.